A televisão perdeu o jeito pra época natalina, uma pena. Não passa mais nada de legal, nenhum daqueles 345 filmes cretinos que eu assistia de pequena. Nem o Rodolfo vem mais pra festa, se anunciando com seu nariz vermelho aceso e o "magnífico" efeito do stop motion. Nem passa mais aquele "Papai Noel Existe", no qual uma das Panteras mora no pólo norte e trabalha perfurando poços de petróleo sem acreditar no Bom Velhinho (pra depois ir conhecê-lo pessoalmente, se encantar toda e pagar pau pra ele). Se tivesse no DVD, eu alugava. Mas acho que nem em VHS...
Sabrina incorpora o espírito de Natal como ninguém mais que eu conheça. Ah, sim, ela escreve a cartinha pro Noelzão, ela deseja que o presente venha logo e tudo isso. Mas ela também matuta lindamente sobre o processo - e hoje veio querer saber se, quando Noel fabrica, digamos, um coelhinho de pano, ele tem cestos separados para armazenar o corpo fofo, os narizes rosados, os bigodes etc.. Além disso, ajudou a fazer uma rapa no armário e selecionar brinquedos e roupas para crianças que têm menos que ela. Fez na maior alegria. E não surrupiou nada de volta das sacolas.
Semana passada deu a louca aqui e decidimos parar de palhaçada, abrir a embalagem do tender, fazer um belo molho para mariná-lo com mostarda, shoyu e um toque de mel e metê-lo no forno. Com o macarrão e a maionese de batatas, ficou um almoço delícia. Foi como adiantar o Natal em 8 dias. E agora já estabelecemos a tradição: tender antecipado todo ano! Nada mais de ficar esperando a noite feliz para comê-lo de um jeito que não é do nosso gosto, frio, seco e rodeado de uns pêssegos e abacaxis malignos.
Um dia eu sonho passar o Natal no frio de verdade. Com neve real, pinheiros feitos de clorofila e não de plástico e no qual as comidas pesadas façam algum sentido. Se rolar um caos aéreo, eu até assimilo, tamanha a vontade.
Passou por mim no shopping, anteontem, uma moça com umas 12 sacolinhas em punho. Uma era de roupa, outra era de sapato e as demais eram todas da mesma loja de perfume. Eu achei que ela operou por instrumentos e não teve criatividade alguma pra dar presente. Dono da Casa achou que ela foi esperta e chegou em casa 3 horas antes de nós.
Uma vez eu ganhei uma boneca no Natal que até me emocionou. Era linda, fofa, toda de vestido azul, cabelinho castanho brilhante e cacheado, pilhas ajudando a falar umas seis frases robóticas completas. No dia 25, na primeira brincada, decidi dar pra nova filha uma papa de fubá com água. Ela nunca mais emitiu qualquer palavra e, assim, virou uma boneca comum. Mas eu continuei amando aquela muda.
Olívia parece já ter aprendido o que é Natal. Se pudesse falar, ela diria que é uma época na qual todo mundo grita bastante em restaurantes, mostra muitos dedos no trânsito, reclama deveras de calor e de dinheiro e na qual tudo cheira cravo e canela. Aliás, se ela pudesse falar, aposto que diria "quanto falta pra acabar o Natal, mamãe?".
Mesmo o Natal dando muita dor na coluna e enchendo um pouco o saco, eu sempre gostei dele. Acho gostoso fazer toda a preparação, a decoração, a compração de presentes e beliscos. Não gosto de certas obrigações que ele traz, de passar a noite com gente demais ao redor e de saber que algumas pessoas se deprimem com ele. Mas todo ano tem, então vamos encarar. E logo mais, viva!, estaremos felizes abrindo pacotes da Hering, bebendo champanhota gelada e separando as passas do arroz!
Sendo assim, nossa família aqui deseja pra sua família aí uma noite realmente feliz, dessas de cinema e com gosto de infância! Que o Natal de todos seja tão bom quanto vocês o fizerem!
São os votos da Sócia da Light, do Dono da Casa, da Sabrina e da Olívia!