Conforme contado ainda no post anterior, eu sigo aqui, no estaleiro. O repouso já se estende por quase 30 dias - e passou por diversas fases. Primeiro, foi o hospitalar; denso, triste, imóvel e atada a uma cama branca cercada de paredes beges por todos os lados. Depois veio a minha cama, de pijamas o dia todo, ainda numa tremenda fossa. Aí estive no sofá, na poltrona, na cadeira bonita da sacada, ao lado do manjericão. Eu me mexi muito pouco, fiz quase nada e lidei muito com o psicológico. Mas uma parte do povo em volta não queria saber muito disso, eles só queriam mesmo visitar. Estranho, né?
O ensejo foi só pra puxar o assunto principal: visitas. Visitas são ótimas - da minha parte, adoro fazer e amo receber. Mas visitas demandam um item essencial: bom senso.
Visita, pra mim, tem que ter hora marcada. Tem que avisar bem antes e tem que ter certeza absoluta de que a pessoa quer vir aqui/quer que vá lá. E não pode, jamais, ser moeda de troca. Como aquilo: "ah, a tia fulana fica dizendo que não conhece nossa casa, eu preciso convidá-la". Credo, eu odiaria saber que alguém me acha visita-obrigatória.
Uma vez marcada, a visita deve ser razoável. Chegar na hora certa é o básico. E sair na hora certa também. Porque tem nêgo que vai, beberica, fala, janta, toma cafezinho, fala mais ainda, recusa o licor mas segue falando... O cães já estão uivando na rua e o fulano nada de dar área.
A bem da verdade, quando a gente está feliz e contente, e se a companhia for mesmo muito boa, a visita pode avançar além do Corujão que ainda diverte. Mas quando a gente não está tão bem assim... poxa vida, bom senso, né?
Eu não entendo de verdade aquela turma que quer visitar recém-nascido e a "feliz mamãe", por exemplo. Veja bem: a mulher acabou de sentir passar uma melancia por onde mal passaria uma ameixa. Ela está provavelmente desestruturada, com hormônios loucos, tentando lidar com aquele pacotinho chorão inocente, dentro de uma casa em pandarecos e com o visual idem. Ela precisa de gente na sala de estar, necessitando chá com bolo? Não!
Do mesmo jeito que não é assim tão humano ir lá visitar o recém-operado, a recém-viúva, o recém-desempregado. Quando a pessoa pede e faz questão explícita, claro que tudo bem. Mas se não houve convite, melhor deixar quieto. Ah, me chame de louca, mas eu acho... Tem momentos em que a pessoa não quer preparar canapés e receber gente pra repetir a mesma história pela nonagésima vez.
Tem horas em que a pessoa só precisa de sossego, paz, a TV ligada, um cobertor e suquinho com canudo. Tem horas em que o melhor carinho é não ir. Acho realmente mais bonito quem telefona, fala rápido, não pergunta muito, deseja melhoras e, vez por outra, sinaliza de longe que, se precisar, ela estará lá - seja com flores ou um e-mail. Sincero, gentil e dando espaço pro momento do outro. Bem melhor do que aquele que quer porque quer demonstrar seu apreço - às vezes, só mesmo por mostrar, sem o sentimento genuíno. Pra constar, sabe?
Visita assim, pode passar reto, obrigada. A gente remarca quando... bem, quando for mesmo o caso de fazer visita.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
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15 comentários:
Como diz meu pai: "viisita é que nem peixe, demorou muito começa feder...".
E esperarei o post sobre o nome da pequena. Ansiosa, mas esperarei.
A Sá é mesmo uma fofa!
Beijo, Flá!
Eu não poderia concordar mais, Flávia. Minha mãe, quando passou por uma cirurgia muito complicada, sofreu muito com as visitas. Ela ama estar rodeada de gente, mas naquela ocasião queria por perto só os BEM chegados, mas tinha que lidar com gente que parecia ter mais curiosidade do que preocupação.
Pena que nem todo o mundo tenha bom senso.
Beijos, Flá!
Que mentalidade mais alemã! Calma, estamos em destrambelhadas terras brazucas, imponhamos nossa ordem e os devidos limites, mas compreendamos que tantos só sabem assim se expressar aos que bem querem; e olha que sou pior do que tu.
Bom saber, N.. Dia desses baixo aí sem avisar, com a prole a tiracolo, com o pé sujo de lama e querendo uma jantinha, tá?
;-]
Não poderia concordar mais. Quando estou doente, tadinho de quem tem de cuidar, fico meio insuportável. Não me reles, não me toques, sabe?
Odeio ser peso para os outros e ter de aceitar ajudar foi um exercício que tive de fazer durante meu "ano sabático", e ainda ter alguém testemunha de sua dependência é chato demais.
Mas como tudo tem seus limites, como aprendi a pedir ajuda, aprendi a sentir falta de visitas, ligações surpresas...
Mesmo acreditando que visita tem de ter hora, ficar um ano presa a uma cama foi um saco e não ter visitas, mais ainda.
Oh Flá, me tira uma dúvida... com quem tenho de falar sobre te levar um bolinho de laranja... just kidding! :D
Mais uma vez, fique bem!!!
beijinhos
Nem me lembre!
Já disse que se eu tiver outro bebê, vou tê-lo no meio do mato pra ninguém ficar sabendo!
E outra, quando a criança tá "maiorzinha" e vc precisa de uma alma viva pra ficar com ela, pq precisa fazer um supermercado decente, cadê que alguém oferece???
Me poupe, viu!
Não discordei, querida. Só me espanta ser tão parecida comigo em tantos aspectos, e não sou lá um exemplo de convivência a ser seguido. Eu não vou a lugar algum se não puder ser útil por lá.
8-)
Assustou, hein, seo Nanael? :-D Pode ficar sossegado que eu sou assim também, só me movo pra casa de outros em casos muuuito especiais. É o bicho do mato que mora em nós falando alto, né?
Mihudinha, pode encaminhar o bolinho pra creche do bairro. Muito mais negócio, dizaí? rs!
Dri, eu não poderia concordar mais. Costumo dizer hoje a Sasá cresceu e "perdeu a graça", daí eu tenho até mais sossego. Mas os dias de bebê foram insanos aqui. Gente visitando a nenê de CINCO dias e indo embora ONZE DA NOITE! Só dando paulada, viu.
O que acho chato é ficar repetindo a mesma história várias e várias vezes. Cansa!!
Não sou muito de visitar - fico sem saber o que falar e com vergonha. Então, acabo só ligando e dizendo: se precisar, me chama. Pode parecer um pouco 'frio' mas é que sou tímida - os mais próximos entendem =P
Uma pergunta: o que você faz pra passar o tempo, Flá? Internet, livros e tv? Eu ficaria estressada com tanto descanso - mesmo sendo por uma ótima causa.
Bjs, Flá.
Nem preciso dizer q concordo completamente com vc.
E digo mais, Flá, eu pago previdência privada pra ter dinheiro no futuro e me internarem num azilo de velhinhos, bem limpinho e familiar. Se eu já sou mal humorada agora, imagina quando eu tiver 80 anos, ninguém merece esse carma.
Taci, como eu digo pra minha mãe, que vem me fazendo (a melhor) companhia, "o tempo voa quando a gente é rasa". Se eu fosse de processar muito as coisas, já teria pirado. Rasinha como sou, estou lendo livros os mais frugais (um em especial, da Frances Mayes, está me deleitando) e assistindo toda sorte de porcarias na TV. Mas já andei apelando também, e pegando a mala de documentos pra organizar - ó o desespero de causa... :-]
Fabi, quando decidir por um asilo, passa o nome? Eu faço a mesma previdência pelo mesmíssimo motivo (no caso de eu não poder gastar com viagens a Poços de Caldas, vai casa de velhinhos mesmo). Vamos passar dias incríveis tricotando e falando mal das enfermeiras, me diz?! Rs!!
Ei Flá,
concordo em genero, numero e grau. Não sou muito de social, ainda mais quando se recebe visitas sem esperar.
É muito chato ter que rapar o pote da manteiga pra ver se a torrada dá pra todo mundo... rsss...
Bjo.
Oi Flá, visita é coisa séria mesmo. Visita de bebê recém-nascido então, deusolivre. hahaha. Aqui em casa foi um desespero, vinha gente quase todo dia quando Chico nasceu. E a gente sem dormir, toda descabelada, cansada e tendo que fazer sala pra visita que não vai embora nunca. Eu cheguei a colocar todas as vassouras atrás da porta... haha.
Que delícia encontrar novamente teus textos na net. Menina, estava órfã desde que o Garotas acabou. E parabéns pelo baby e a Sá tá uma coisa de linda!!! bjão grande
Vou linká-la!!!
Epa!!
mais um item mothern na área..rs
eu concordo com força .
Eu sou do tipo que visito ,mas só
que m é intimo e se puder ajudar de alguma forma,levo bolo se quiser e não fico até tarde...rs
Agora,qdo foi comigo,aguentei bem pouco pq xiliquei e pronto,preferi ser mal educada mesmo...
Bem Flá, assino embaixo o seu texto, aliás só visito bebês depois de 1 mês de nascido, dá tempo pra mãe descansar, se acostumar com a rotina.
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