domingo, 7 de agosto de 2011

O que é que eu vou dizer por aí...

... quando as pessoas descobrirem que eu às vezes vou dormir tão estafada que pulo o banho?

E que eu também já recolhi a chupeta das crianças do chão e, na falta de coisa melhor, lavei no suco e meti de volta na boca delas.

Eu não esterilizei absolutamente todas as mamadeiras que as meninas já tomaram. A maioria, devo dizer, eu apenas lavei bonitinho e botei pra rodar.

Eu não fiz todas as sopinhas com 100 gramas de carne, um tubérculo, um legume de cor forte, uma verdura escura e um tipo de grão. Às vezes, por causa do estoque falho, eu fiz apenas a sopa que dava pra fazer.

Eu já vesti o mesmo body de ontem na criança simplesmente porque não deu pra lavar toda a roupa - e ó, abandonei o tal sabão de coco aos 15 do primeiro tempo...

Eu já deixei entrar em piscinas de hotelzão, já deixei brincar na areia de playgrounds duvidosos, já deixei se esfregar na escadaria do museu.

Eu tive que largar chorando no berço mais de uma vez porque só tinha duas mãos.

Eu disse palavras nada otimistas na calada da noite, quando o cansaço me venceu.

Eu já chorei na frente das crianças mesmo com medo que isso pudesse deixá-las assustadas.

Eu fiquei triste uma ou outra vez quando todos os meus amigos partiram em viagem, baladas ou jantares a dois e eu fiquei aqui, trocando fraldas, servindo leite e jantando comida fria.

Eu já falei palavrão na frente das minhas mocinhas...

Eu liberei que a mais velha bebesse guaraná com um ano e meio - quando, numa festa junina, ela viu a lata e se atracou implorando pra beber.

Ah, eu liberei também uma porção de brigadeiros logo depois disso, numa festinha infantil, e tivemos que arcar com a primeira dor de barriga.

Eu amamentei menos, muito menos do que gostaria.

Eu escolhi a alopatia em vez da homeopatia.

E depois de colocar minha primogênita na escola aos 15 meses, eu fiz das tripas coração pra cuidar o mesmo tanto da caçula em casa - mas cheguei ao limite da "multitarefice" mais cedo dessa vez e amanhã seguimos para a mesma escolinha começar a adaptação da Olívia. Aos 10 meses e meio.

E agora eu acho que vou me apegar no que dizia aquela banda que um dia foi boa: "nem sempre se pode ser Deus".


Ainda assim, eu espero que você me perdoe, amor...

14 comentários:

Spaf disse...

"Eu escolhi a alopatia em vez da homeopatia."

A saúde das suas filhas agradece. Homeopatia é feita de nada.

Dri_ disse...

Eu amo seus textos exarcebados de sinceridade... dá um alento saber que em algum ponto existe uma casa que funciona mais ou menos igual a minha rsrsrsrsrs porque pelo menos na teoria a mulherada me cansa!

Sara disse...

E eu, que nem sou mãe ainda e já pensei em fazer quase tudo o que você fez? Mas refrigerante os rebentos só vão poder beber depois que casarem, forem pras suas próprias casas e se sustentarem (será que consigo? hehe).

PS: Liiiiiiinda! Acho que fiquei um minuto parada só observando a foto, com uma vontade imensa de apertar essas bochechas!

Chicória disse...

Ah, mas faz um bem tão grande a gente saber que os outros também são humanos...
E você é uma mãe maravilhosa, disso não tenho dúvidas.

moniquinha disse...

Bem vinda ao clube!

ou
parabéns,vc é humana e muito sincera.

Já fiz tudo isso tb e nós sabemos que eles sobrevivem,o que importa é que cuidamos deles e da nossa sanidade,não adianta ter uma mãe que se acaba cuidando dos filhos,mas não dá carinho e atenção por conta dos afazeres e só reclama depois.

É tá duro p/gente ter que entregá-los aos cuidados de outras pessoas,mas é preciso e tb,qdo ela chegar da escola,vc estará lá,pronta p/morder/beijar/abraçar etc.

Bjossss

Paulinha disse...

Uai querida.... vc é perfeitamente normal viu?
Simplicidade e sinceridade acima de tudo.
Bjks

Fabiana disse...

Perdoa, sim. E ainda vai balbuciar as novidades todo dia: a minha Pequena, com uns oito meses ficava tentando cantar o "estralalalalaô", e fazia coreografia com as maãozinhas de nenenzinha. Aperta muito o coração, mas a gente compensa com outros tipos de apegos e carinhos.

Marcelo disse...

Eu não acredito em homeopatia, que ainda por cima é um meio termo insosso entre a bruxaria e a ciência. Como é aquele personagem do Machado, sobre a alopatia ser o catolicismo da medicina...?

Ver a mãe da gente chorando é coisa que traumatiza! Eu sei bem...

Mas vc é uma mãe esplêndida, Flá, e está criando duas jóias espertíssimas. Não se pode mesmo ser deus sempre, e se elas não entendem hj, ainda irão.

One more thing, adorei o "multitarefice"!

Nanael Soubaim disse...

Flávia Pegorin, a Vigilância Sanitária Municipal de Goiânia, subordinada à Anvisa, avisa: Homeopatia funciona, Alopatia também, só que uma paga royalties, a outra não. A diferença básica é a rapidez do efeito (inclusive o colateral)e recomendação médica.
Quanto ao que suas pimpolhas dirão, elas já serão maduras o bastante para rir e confessar que fazem o mesmo.

bia disse...

Ídala!

deborah disse...

Flavia, parece que vc me descreveu no texto... provavelmente a maioria das mães... mas o sentimento de culpa por estas coisas é terrivel e como sempre digo a uma amiga quando se sente assim: nós somos humanas e não somos perfeitos... parabens pelo texto... e pelo alivio de não me sentir unica nesta jornada...
beijos nossos deborah salles

Grace Simpson disse...

Não sou mãe, mas já fiz td isto pq praticamente criei minha irmã mais nova, hj ela tem 15 anos, tá cada dia mais linda e ainda ri das coisas que eu deixava ela fazer, então não esquente Flá!

Sócia da Light disse...

Gente, eu queria agradecer todos que colocaram umas palavrinhas aqui e dizer que não vim antes responder porque não está lá superfácil pro meu coração. Olívia está gostando bem de brincar na escola e, no geral, tá indo maravilhosa (apesar de se recusar a dormir no berço com colegas de quarto... é bom ela nunca ser presa, senão vai virar insone). Apesar de tudo ir bem, não sei o que me dá, mas só de tocar no assunto "Lica/escola", a garganta já fecha. Acho que estou ficando mais bunda mole a cada segundo que vira no relógio... Ó lá, fiquei mais bundona agora! E agora!
Enfim, eu agradeço MESMO a quem leu e se deu ao trabalho de comentar e/ou mandar uma boa vibe. Acreditem, faz a maior diferença pra mim!

Beijos dessa mãe bem trouxona.

Viviane Veiga disse...

Flavinha, você deveria ter escrito esse texto quando o Thiago tinha 11 meses... teria me poupado umas idas ao psicólogo! rsrsrs