sexta-feira, 29 de abril de 2011

Eu ouvi dizer por aí...

... muitas coisas. Meus amigos falam muito, sabe como é. E cada qual me conta coisas de arrepiar os cabelos - e também de se rasgar de tanto rir. Mas olha, não espalha, tá?

- Teve a aeromoça que me contou sobre o tempo em que trabalhava numa companhia aérea japonesa no trajeto São Paulo-Los Angeles. Ela me disse que eles contratavam em igual número comissárias brasileiras e japonesas, o que achei meio curioso. É que, ela me explicou, a companhia gostava de mesclar os modos corretíssimos das japonesas com o jogo de cintura brazuca. Fazia sentido, disse minha amiga: uma vez, ela chegou na cozinha do avião e a comissária japonesa da primeiríssima classe estava abrindo uma champanha carissíssima. Com um saca-rola...

- Essa mesma amiga me jurou de pés juntos, certa feita, que era verdade uma história contada pelas amigas dela que trabalhavam na semi-finada Varig. Disseram as meninas que uma moça foi viajar e despachou, tristemente, seu pequeno poodle naquelas caixinhas próprias. No destino, o pessoal do setor de carga da companhia percebeu que o cachorrinho estava morto. Não tiveram dúvida: trocaram o cãozinho branco padrão por outro da mesma marca e tamanho. Quando recebeu a caixa, a moça se pôs de grito! Bom, é que ela tinha despachado o cachorrinho morto mesmo, pra enterrar quando chegasse em casa.

- Um grande amigo meu, muito fofo e asseado, é desses rapazes que já se aventurou na vida. Uma vez ele rumou pro Reino Unido a fim de passar uns anos estudando e trabalhando. Viaja daqui, viaja de lá, ele arrumou emprego em um restaurante na Escócia como garçom. Logo nos primeiros dias, quando estava a limpar mesas depois que os clientes saíam, foi repreendido pelo dono da bodega. O vinho que sobrava nos copos não devia ser jogado na pia, pô! Era só jogar no barril correto, que depois seria tudo vendido como o fabuloso "vinho da casa"! Delícia, hein?

- Um cara que eu conheço - ok, esse é meu irmão - teve como primeiro emprego o trabalho de fazer sandubas em uma lanchonete de parque de diversões. O dono era outro desses caras superlimpinhos. A colega de trabalho do meu irmão, que cortava os frios, era instruída a limpar o balcão com Veja e um pano imundo e depois cortava lindas fatias de mussarela ali em cima. Meu irmão diz que até hoje se arrepia de comer em lanchonete.

- Visitando uma montadora de veículos do ABC Paulista com o propósito de fazer uma reportagem, um amigo meu garante de pés juntos que viu um funcionário "fixar" uma porta de veículo que não tinha passado na inspeção final. Ele usava uma daquelas marretas plásticas e muita força no muque. A famosa "porrada técnica".

- Eu conheço uma menina que conhece uma menina que já morou na mansão Playboy. Ela jura que Hugh Hefner realmente... bom... como dizer... "pega" mesmo todas aquelas loiras que são suas namoradas. Cada coisa que a gente fica sabendo, né não?


Vai um vinho da casa? Pra mim também não, obrigada

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A conversa

Quando a gente tem filhos, sabe que um dia vai precisar ter aquela conversa. AQUELA lá. É difícil, porque a gente imagina mil possibilidades de como o assunto vai surgir, mas nunca está preparado mesmo, mesmo.

Então as coisas seguem seu curso e, ué, chega o dia da tal conversa. Complicado, viu? Dizer o quê praqueles olhos que te olham fundo querendo uma resposta urgente - ou mais de uma?

A gente roda um pouco, dá umas voltas, faz umas comparações e ilações e utiliza as metáforas mais estapafúrdias... Mas tem o momento crítico, aquele do "porquê, pra quê, como assim, mamãe?". Não tem escapada. Vai ser preciso dizer logo e de uma vez, como arrancar o band-aid genérico que leva embora a casquinha e deixa aquela cola preta.

Faz umas semanas que a Sabrina veio querer saber. E agora eu digo: a conversa e todos os questionamentos que a envolvem não tinha nada a ver com sexo, partes privadas do corpo, meninos e meninas ou qualquer coisa assim que o caríssimo leitor possa ter imaginado. Sabrina queria saber por que o amigo dela deu-lhe um soco bem na barriga. Eu sabia que um dia ia precisar ter com ela a conversa sobre a violência dos humanos, mas demorei uns instantes pra saber bem o que dizer.

O menino não era só um menino, era um dos melhores amigos. E não deu-lhe o supracitado socão porque ela fez qualquer coisa pra desnorteá-lo; ele bateu porque ela pediu que ele tirasse a lancheira do banco pra ela sentar no único lugar disponível. Assim, de graça, do nada. Disse que ele era mais forte e "tum". E ele não pediu desculpa. Foi o suficiente pra Sabrina contestar por que algumas pessoas batem.

Daí a gente começa explicando que, pra começo, é um moleque besta que deve ter aprendido em casa que bater é algo aceitável - mas que não é, não. A gente fala sobre o espaço do outro, sobre a raiva que dá um troço desses, mas que a gente não revida porque senão o mundo nunca vai ficar melhor. A gente fala sobre se defender de todas as outras formas possíveis e legalmente aceitas - e, no fim, a gente diz que sente muito por coisas assim acontecerem, se oferece pra falar com a mãe do menino e dá um abraço bem forte e apertado seguido por um copo de leite morno.

Eu preferia 1.764 vezes começar a explicar pra Sá de onde vêm os bebês do que ter que explicar por que algumas pessoas acham certo usar de força bruta e outros artifícios medievais pra se impor. Até porque, eu não sei se eu sei isso!

Mas se a violência parece não ter dia pra acabar na nossa vida - e o conceito daquele filme "A Vila" ainda não existe, pra gente se inscrever -, o jeito é dar aquelas voltas e ajudá-la a tentar compreender, se defender e reagir numa boa medida. Não é do meu feitio dizer "na próxima, vai lá e dá na cara dele de volta". Nunca foi, nunca será. Prefiro conversar e, juntas, pensarmos em algo que vá surtir efeito - um efeito que faça ela se sentir melhor, justiçada e com a esperança de que não vai mais acontecer.

Decidimos telefonar pra ele e EXIGIR o pedido de desculpas. Ele não quis pedir. Então a Sabrina pediu pra falar com a mãe dele - e aí o moleque riu-se todo, disse que a mãe dele "não faz nada". Bom, aí a Sabrina pediu então pra falar com o pai dele. Disse melhor: "então você pode chamar o seu pai, que a minha mãe disse que quer falar com ele?". Ele gaguejou um bocadinho e pediu desculpas. Despediram-se com beijos e tal.

Vão ter novos episódios - esse não é um filme, é um seriado. Eu sei disso, ela sabe disso... Nós estamos preparadas para voltar ao tópico e pra tomar nossas atitudes. Somos da paz - mas não mexa com o nosso poder de conversar até sentir que tudo se resolveu!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

As cinco grandes besteiras...

... que a gente faz ao arrumar a mala

Na verdade, acho que a maioria de nós faz muito mais do que cinco grandes, enormes e rechonchudas besteiras quando arruma a bagagem para viajar. Estas, porém, são as mais grosseiras - e acontecem democraticamente tanto pra viagem para ali pertinho quanto pra volta ao mundo.

1. Levar mais do que dois pares de sapatos
Tem aquele que será usado ostensivamente (botinas no trekking nepalês ou chinelo em Jeri, por exemplo), aquele semi-ajeitado pro caso de um evento noturno em volta da fogueira ou no restaurante e... pronto! Pra que mais? Bom, tem que discorde e queira levar o salto alto, a melissinha, o social de verniz, a pantufa do Pateta... Precisar, não precisa - e, te dizer, tem nada mais diabólico do que tentar acomodar sapatos na bagagem.

2. Lotar a dita cuja na partida
Daí, já para sair de casa, é preciso sentar no tampo e fazer pressão de parturiente para lacrar a desgramada. E eu pergunto: ao chegar em Acapulco, onde vai caber o sombrero adquirido? Ou os vidros de doces em Tiradentes? Ou o fardo de tecidos de Nova Déli? Sair de casa já com a mala no limite é bobagem, porque sempre a gente vai querer comprar um coisinho a mais e não haverá espaço pra ele (até porque a roupa suja da viagem parece triplicar de tamanho na volta). E toca se avexar na loja de bagagem pra comprar mais uma unidade.

3. Levar itens que podem ser comprados no destino
Eu sei, porque eu fui a débil que levou para a Itália a mala da criança forrada com pacotes de fraldas, latas de leite, o sabonetinho e itens similares. Até que, pra me mostrar como a vida é pra ser vivida e não ticada numa listinha, o destino se encarregou de extraviar a mala da Sabrina. E aí? Aí a gente vai na farmácia, se dirige à prateleira pretendida e escolhe tudo de novo. E aí a gente descobre que tudo lá, mesmo em Euro, custa mais barato e tem qualidade 87 vezes melhor. E aí a gente para de viajar com a mala plena de tubos de xampu, condicionador, etc. Agora paro logo na farmácia em cada viagem e faço uma feirinha. Nunca me arrependi e já arrematei coisa boa que só vendo.

4. Esquecer o kit de remédios
Por outro lado, deixar pra trás os medicamentos que estamos acostumados a tomar é uma falha grandona. No exterior, pior que aqui, comprar remédio é impossível sem receita - e vai você explicar pro médico tcheco que está sentindo uma dor entre o esôfago e o estômago? Pra não entrar na mímica, o melhor é fazer uma sacolinha que contenha pelo menos algo pra dor de cabeça, pra dor de barriga, pra resfriado e pra tudo o que costuma te acometer - no meu caso, eu não saio sem um relaxante muscular, porque minhas costas adoram fazer graça; o Dono da Casa esquece o dinheiro mas não esquece seu remédio contra cólica renal. Cada um com seus achaques - e suas pílulas.

5. Escolher um modelo estúpido de mala
Parecia bonito na loja, né, aquela coisa rígida, imensa e rosa-choque, tão linda, tão Barbie. Pois a maldita é estreita, tem uma alça retrátil pra carregar, não faz curvas e bambeia quando a gente precisa correr. Nos dá a sensação de estar levando um guepardo na coleira, não a bagagem. Isso significa que escolhemos a mala errada. A certa para em pé sozinha, tem fácil acesso por zíperes, se desloca com rodinhas independentes, tem alça que para erguida ou recolhida. E pode até ser rosa-Barbie, mas esse não é seu principal atrativo. Chegar no destino sem dar trabalho é que é.



PS.: Esse texto está replicado no novo blog que eu achei de começar. Era um projeto antigo e que eu queria muito fazer, porque viagem é minha alegria, meu sonho e, por vezes, meu modo favorito de ganhar dinheiro (escrevendo para revistas) ou de gastar dinheiro (indo e indo pra todo lado). Espero que a turminha goste, visite, sinta-se em casa como aqui. E que partilhem comigo essa ideia alucinada de que conhecer o mundo nos faz mais humanos e mais irmãos!

Tá tudo aqui, ó, no melhor lugar de todos: Um Lugar na Janelinha.