sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Que 2010 seja uma estrada cheia de aventuras!


E nós esperamos que vocês tenham todos um ótimo Natal, um Ano Novo incrível - e que agora façam como nós aqui e coloquem o burro na sombra até 4 de janeiro de 2010!

Só não esqueçam de maneirar na bebida, de usar protetor solar e de vestir uma blusinha que o sereno não é brincadeira, hein? E apaguem a luz quando saírem do recinto, poxavida... ;-]

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Com razão

Sabrina e eu vendo o final de um jogo de futebol na televisão:

- Mãe, o meu amigo Tiago torce pro São Paulo que nem a gente, sabia? Aí eu pensei assim: um dia a gente pode convidar o Tiago pra ir no estábulo de futebol com a gente!

Eu ia corrigir, mas me limitei a dizer "... ótima ideia, filha!". Por que o estádio é superlegal de visitar, mas às vezes entra mesmo em campo um bando de burro e cavalo. Sasá tem toda razão quanto ao "estábulo de futebol".

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Marcas do passado

Engraçado como existem umas coisas que ficam marcadas na nossa memória infantil mesmo sem fazer parte do mundo de uma criança. Três itens de adultos, todos pertencentes à minha mãe, por exemplo, sempre vão me lembrar daqueles tempos e dela - mesmo eu tendo mais 34 anos de lembranças dessa doçura de mulher.

Minha mãe não era perua de sociedade, era uma professora trabalhadeira que carregava dois turnos de aulas pra amealhar um salário. Mas a minha mãe sempre teve classe. É diferente, sabe, ser fino e ter classe. Fino a gente fica gastando dinheiros em lojas e montando um visual. Classe nasce conosco. Nasceu com a minha mãe. Daí ela ser dona dos três objetos que tanto ficaram marcados pra mim, desde a infância, como coisa bem chique e de desejo.

Quando ela ia sair com o meu pai pra um evento de trabalho, jantar com amigos ou um casamento, ela lançava mão do seu perfume predileto. O frasco de Opium da minha mãe deve ter durado, sei lá, uns mil anos... E daí o cheiro de especiarias daquele vidro sempre, sempre ter ficado impregnado na minha mente como "cheiro de balada".

Nessas ocasiões, ela às vezes também usava uma tecnologia avançadíssima: o babyliss. Naquele tempo não se chamava assim, era só um secador modelador de cachos mesmo. Mas eu sonhava tanto usá-lo, viu. Confissão: um dia roubei do armário dela e, às escondidas, liguei e tentei enrolar um chumaço de cabelo. Fritei a orelha no primeiro movimento e levei um baita esporro. Mesmo assim, o secador fininho sempre ficou na minha mente como algo especialíssimo, típico da minha mãe.

A última lembrança é o topázio. Minha mãe ganhou há milhares de anos, do meu pai, essa linda pedrona preciosa do tamanho de uma azeitona gorda. Não tinha corrente acoplada nem nada. Era só um pingente, a pedra segura pelo metal e uma argolinha. Eu sonhava com o tesouro amarelo como se fosse uma bucaneira. Quando ela abria o armário e tirava as preciosidades, eu voava direto na caixa onde estava o topázio pra "ver com a mão".

Nunca usei Opium e nem fiz cachos nos cabelos com babyliss. Mas na minha formatura de colégio, a minha mãe me emprestou o topázio - e eu o costurei em uma fita preta e usei no pescoço, parecendo uma dessas estrelas de novela mexicana (chamada... "Topázio", talvez?). Ficou lindo. E a memória de criança dos objetos de gente grande nunca mais me fugiu.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sobre porcos e loucas

Não é que eu seja uma dessas insanas taradas por limpeza. Eu lavo louça e passo paninho na pia até não restar um pires sujo ou uma gota d'água fora de lugar, é verdade. E de fato adoro tirar os mantimentos da prateleira, limpá-la e reorganizar tudo. E surtei de alegria ao comprar um aspirador portátil (daqueles compactos, próprios pra catar qualquer migalha, lindos, fofos... sabem?). Tudo bem, eu posso ser meio doidinha por limpeza, mas ainda me considero na média. Gente, eu conheço umas fulanas que colocam pano de chão pra lavar na máquina... e passam todos a ferro depois. Essas, sim, são as loucas da limpeza.

Por outro lado, é melhor ser "a pirada do X-14" ou membro daquela turma que pula por cima das roupas sujas e da poeira? Porque essa galera existe. Eles costumam achar que faxina é uma puta coisa chata e pode ficar pra amanhã - todo dia. Logo a casa está possuída por pó grosso e preto, a pia é um depósito de dejetos e a geladeira cheira a necrotério. Sejamos justos aqui: em geral, essa banda da população é composta, na grande maioria, por homens.

De acordo com os clichês da vida, é assim mesmo: mulher é tudo doida por limpeza; homem é tudo porco. Elas ficam areando panelas, enquanto eles acham isso uma perda de tempo sem nexo. Elas querem a cama bem feita; eles acham isso ridículo - porque de noite não vai ficar tudo zoado de novo, pô? Elas preferem uma sala em ordem; eles preferem uma sala animada (leia-se: uma sala com o Playstation e seus fios dominando a paisagem).

Eu fico pensando que nem tanto ao mar, nem tanto à terra. É bom ter a casa cheirando gostoso, a roupa bem dobrada e o banheiro imaculado. Não é bom, porém, gastar todas as horas livres com isso, deixando o restante da família no limite da paciência porque, bem, "sábado-é-dia-de-lavar-a-garagem-e-prontoooo"!

Mas me digam vocês: mulher é tudo louca por limpeza ou homem é tudo porco? Existe (ou deveria existir) um saudável meio-termo? Eu e meus paninhos ativos, porém não passados a ferro, aguardamos resposta.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A vovó 90 é nota 100


Eu só espero chegar nessa idade do mesmo jeito que ela: com a mesma tranquilidade, o bom humor ácido, a cabeça ligada no 220V, mão boa pra costura e melhor ainda pro nhoque, o semblante de quem acha que valeu a pena.

Minha querida Emília, cheia de marra, fez 90 anos em uma festança daquelas fortes. Festança forte de vovó de 90 anos, vocês conhecem?

Tem comidas fáceis de mastigar, tem espumante quase infantil, tem os primos que só se veem uma vez por ano e os tios que vieram do interior e te assolam com apertões na bochecha e a infalível pergunta "você é filha de quem mesmo, lindá?". E quando você responde "do Luiz, tia", quase berrando pra ser ouvida, o efeito é inócuo. E ela lá é capaz de lembrar quem é o Luiz, pô?

Teve o momento das fotos, com um entra e sai de cena comparável somente a uma apresentação pública de Shakespeare - dado o número de personagens ser superior a cinco dezenas. Vó aboletada na cadeira, entraram os filhos e filhas (6); as noras e genros (4); netos e netas (12); netos e netas agregados (10); bisnetos e bisnetas (7); agregados de verdade (um monte).

Teve o momento do jantar, com massas de buffet que não faziam jus ao talento da minha vó, mas valeram pelas brincadeiras na fila (velhinhos não tiveram preferência, porque senão estaríamos lá até agora).

Teve o brinde zoado, o bolo com a vela que incendiou, as crianças brincando no palco, a molecada que chegou depois do Enem, a molecada que não chegou, as fofocas, as risadas... E a Emília curtiu cada momento. Espero que ela tenha feito uma rápida retrospectiva e concluído mesmo que tudo valeu a pena. Ser neta dela, pra mim, vale tudo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Limpa-trilho

Quando eu era pequenininha, não tinha muita crise pra comida, não. A bem da verdade, existem umas quatro ou cinco fotos em poder da minha mãe que comprovam: limpar o prato - com as mãos, com a cara, sorvendo o macarrão loucamente e ficando com pinta de Bozo - era comigo mesma. Mas é claro, sempre tem isso ou aquilo que não desce.

Abobrinha, por exemplo, não descia. Achava verde demais. Detestava lentilha, torcia bastante o beiço pra cebola e grão-de-bico e tinha uma baita náusea de ovo mole. Pêra também não queria, assim como aquela estranha maçã farelenta. E era perda de tempo vir com bifes de fígado, pimentão ou comida com salsinhas e cebolinhas picadas muito grande.

Felizmente, a gente cresce e a maioria das torcidas de nariz vai-se embora. Abobrinha, por exemplo, é hoje meu nome do meio. E amo lentilha, principalmente como sopa. Cebola? Crua, cozida, assada no churrasco, me manda! Ok, o ovo pode estar com gema mole, mas clara dura. E o fígado, o pimentão e os verdinhos aparentes... Bom, isso é só o que eu continuo passando, muito obrigada.

Acho que grande parte das frescuras vai embora porque a gente entende que, ferrou, o mundo tem hoje 6 bilhões de pessoas. Numa boa, não vai ter comida pra todo mundo por muito mais tempo. Se começarmos a selecionar demais, seremos os primeiros a ser abatidos em praça pública. Melhor rapar logo o prato, com a cebola que for, e seguir andando.

Há poucos dias, me peguei inclusive passando de fase: pela primeira vez, fiz sozinha grão-de-bico! Eu já tinha notado que era gostoso, mas era um prato que eu deixava pra minha irmã ou minha mãe fazerem nos eventos familiares. Numa boa, é trabalho escravo ficar lá tirando pelinha de grãos com cor de parede, fazfavor... Pois me imbui da coragem, comprei o saquinho, pus de molho de 2 a 3 horas, cozinhei na pressão por 15 minutos e fiquei retirando as tais pelinhas por uns 1.547 anos.

Feito salada, com tomate picado e temperos, ficou delícia! Recomendo rever as frescuras de infância. Com o tempo, a gente melhora de gosto. E o grão-de-bico também.



Trabalho escravo bem gostoso


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O tempo perdido não volta. Porra.

Eu até que gosto de perder umas horas. Pode ser até na frente da TV assistindo qualquer genialidade criada, digamos, pelo canal E!. Sério mesmo: eu prefiro ver "Os 100 Corpos Mais Sarados de Hollywood" do que lidar com qualquer prestador de serviço. Porque isso sim é tempo perdido.

Você combina hora com o moço da tapeçaria que vem ver - quiçá reencapar - a poltrona que já está parecendo uma pintura abstrata, dado o número de manchas. Hora marcada: 18h. Hora que o interfone toca avisando a chegada do homem: 21h15. Amigo: às 21h15 eu não abro a porta nem pra minha mãe.

Aí a conta da internet vem astronômica. Ligo pra reclamar e a moça me garante que o valor é aquele mesmo. Eu tento dizer pra ela que nem se eu baixasse a discografia dos Beatles diariamente seria capaz de gastar aquele tanto. Ela debate por 40 minutos, é mal-criada, é ranheta, parece que perdeu a boa-vontade lá em 1998. Nada feito.

Aí o banco cobra R$ 5,45 por um talão de cheques que eu nem pedi, nem recebi. E pra convencê-los disso? Cinco ligações pra cinco moças diferentes que garantem não poder fazer nada (nem querer, aparentemente).

Aí o feijão estava mofado e o SAC não atende. Aí o chaveiro diz que vem, mas não vem. Aí outra tentativa pros sacanas da internet. Aí a gente se sente meio molestado enquanto cliente, né?

E eu fico pensando: pode ser uma companhia imensa com milhões de funcionários, uma companhia pública com milhares de encostados, uma lojinha armada no quintal... Não importa. É normal visar o lucro, mas é totalmente anormal visar um cliente satisfeito, feliz mesmo, que se sente amparado e confortável para indicar aquele serviço para outros, gerando, assim, os tais lucros.

E eu fico pensando mais ainda: se eu administrasse a minha casa como essa turma administra seus negócios, teríamos a qualidade de vida do canal E!.