terça-feira, 23 de agosto de 2011

Para um casamento de sucesso

Ter uma união estável e duradoura, feliz no dia-a-dia e que nunca deixa a chama do amor se apagar, não é lá tão difícil quanto dizem. Eu tenho a receita:

- É preciso carinho para lidar com a esposa que reclama das coisas jogadas no chão, na mesa de comer, sobre a cama e em cada metro quadrado da casa.

- É preciso respeito para não xingar nomes feios muito alto ao encontrar a pia do banheiro alagada, a toalha ensopada e retorcida no cabide e a tampa da privada demoniacamente levantada.

- É preciso compreensão para os momentos em que se gasta mais do que o racional em objetos essenciais como bancos de couro pro carro, relógio de marca, blusas idênticas em sete cores diferentes, uma caixa de ferramentas do tamanho de uma jamanta, suco de ameixa albina importada ou um estoque de cerveja tipo-viking.

- É preciso doçura para explicar que, porra, microondas não é geladeira e todo pão, bolo ou outro que for metido ali por dois dias vai estragar e deixar um cheiro de jaula no aparelho.

- É preciso paz espiritual para não avançar e morder o braço da pessoa que, apesar de estar no banco do passageiro, quer dirigir o carro no seu lugar.

- É preciso jeitinho para dizer que vestir as crianças com sapatos sujos, camisetas de escola ou vestidos já apertados não é uma opção pra ir a eventos sociais.

- É preciso dignidade pra admitir que, sim, a gente gritou e perdeu o controle - mas é que quebrar o terceiro copo de cristal em dois dias ao lavar a louça é muita estupidez.

- É preciso paciência para aceitar que, mesmo tendo levado duas horas para preparar um jantar saudável e equilibrado, a pessoa acrescenta ao prato 12 litros de pimenta vagabunda e uma nevasca de sal.

- É preciso solidariedade para, depois de 12 horas de trabalho, lidar com uma cidadã que tem o bom-senso, a aparência e os hábitos sociais do Godzilla.

- É preciso humor para viajar com alguém que quer parar em cada mísera capela da cidade de 2.000 anos e leva 15 minutos de fotos em cada elemento decorativo dela; ou aquela que necessita encontrar a fonte diminuta que aparecia no guia como o 35o. item "imperdível" do lugar; ou a pessoa que tem conhecidos até em Katmandu - e faz questão de ir jantar na casa deles um dia.

- É preciso, enfim, muito amor.

E eu sei de tudo isso porque lá se vão, justo hoje, 10 anos de todos esses sentimentos diários pelo Dono da Casa. Meu doce: eu não mudaria um único segundo dessa nossa década. Que venham outros 10 - e mais!


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Aquele amigo inusitado

Consigo me lembrar bem dos muitos, muitos amigos que já surgiram na minha vida. Lembro de algumas amiguinhas desde o pré - inclusive da menina que chamavam de Caren-Careta, o que me fez avançar em um menino porque, canalha, aquilo magoava a minha amiga. Lembro de amigos da rua, dos primeiros anos de escola, das imediações da casa da minha vó, de amigos feitos em viagens, de amigos de longuíssima data e daqueles que deixaram de ser. Não me ressinto de absolutamente nenhuma amizade que fiz na vida. Todas trouxeram seus aprendizados - mesmo aquelas que viraram "rostos no corredor" (pra entender, melhor assistir "Conta Comigo", aquele tratado sobre amizade). Mas algumas amizades me surpreendem até hoje. São aquelas que não deveriam ter virado nada. Mas viraram, putzgrila, ainda bem.

Sempre fui de fazer amigos com relativa facilidade, mesmo que poucas vezes. Quero dizer: eu não era, assim, aquela que entrava no primeiro dia de aula gritando "e aí, cambada de puta e viado! Eu sou a Flávia, prazer, hein?". As amizades se anunciavam mais devagar pra mim - em geral em meio a algum "esse livro que você tá lendo parece legal, sobre o que é?". E, com a conversa engatada, nascia mais um amigo. Teve quem devolveu a iniciativa com um olhar de "não enche, sociopata", mas é a vida.

As amizades que eu me referi como as que "não eram pra ter virado", no entanto, começaram bem esquisitamente. Na faculdade, por exemplo, eu odiei a Giovanna desde o primeiro dia em que ela botou seu pé com salto-alto na classe. Ela sentava na primeira fileira, se vestia como gente grande, tinha emprego bom e queria responder tudo primeiro - tirando a MINHA chance de responder primeiro, como ousava??

A Giovanna tinha o meu repúdio, mas suspeito que ela também tinha repúdio a mim. Um bem grande. E foi assim por quatro anos: viradas de cara, narizes torcidos e lados opostos em tudo, das opiniões sobre o jornalismo até o distanciamento na mesa do bar. Malditos amigos em comum, que faziam a gente dividir uma mesma garrafa de cerveja vagabunda...

Até que um dia, num trabalho em grupo (suspeito que nos colocaram no mesmo grupo esperando um catfight), comentei que estava querendo sair desesperadamente do meu emprego. Giovanna comentou que tinha uma vaga na editora onde ela trabalhava. Se ofereceu pra levar meu currículo. Aceitei. Trabalhamos próximas por anos, até que um dia ela me viu organizando uma viagem pra Argentina, que eu pretendia fazer sozinha pra não enlouquecer, e se ofereceu pra ir junto. Aceitei. Fomos. Quase precisamos de cirurgia pra tirar os sorrisos da cara, de tanto que foi incrível.

Giovanna foi uma das minha melhores amigas por muitos anos. Por coisas da vida, nos distanciamos, mas ela jamais voltou a ser, pra mim, a insuportável do sapato de salto. Ela segue até hoje, na minha mente, como uma amizade que bizarramente vingou. Ela foi, no ramo das amizades, aqueles bezerros de duas cabeças.

Não bastasse, teve (tem!) a Bia. A Bia não era minha amiga, eu nem a conhecia. Ela foi colega de trabalho do Dono da Casa mais ou menos uns 2 milhões de anos atrás. Marido elogiava tanto a Bia, o trabalho da Bia, a esperteza da Bia, a sagacidade da Bia e os óculos de grau maneiros da Bia que eu fiquei ciumenta. E desgostei da Bia assim, só um pouquinho, como uma birrinha preventiva.

Mas aí a Bia casou e foi morar em Londres - e, quando o casal voltou, convidou o Dono da Casa "e a esposa" pra uma pizza. Antes da sobremesa eu já tinha me apaixonado pela Bia de uma maneira que acho que o marido, desta feita, é que ficou ciumento. Ainda fica, porque até hoje ele diz "mas a Bia é MINHA amiga, não SUA!". Eu deixo ele se indignar - e sigo ligando pra Bia quando eu quero, coisa nossa, ninguém tem nada com isso. Ela é como a irmã que eu sempre tive.

Querem mais? Teve (tem também!) a Fabiana. A Fabiana deve ser o caso mais estranho de todos. A Fabi era a namorada do melhor amigo de infância do Dono da Casa. Mas a Fabi também era a melhor amiga da namorada que o Dono da Casa tinha quando a gente se conheceu. Quando tudo se estabeleceu no nosso namoro, claro que a gente saiu pra conhecer esse amigo dele e a Fabi. Gostaria de dizer que me apaixonei pela Fabi antes da sobremesa, mas a verdade é que eu acho que ela me abominou antes do couvert.

E eu não fui muito fácil também. Não sabíamos, as duas, lidar com aquele "parentesco". Era estranho pra ela, eu tenho certeza. Era estranho pra mim também - ela era amiga da ex, pelamordedeus! Eu faço amigos até que facilmente, mas aquilo era mais do que qualquer uma de nós podia trabalhar.

Lá se vão uns 13 anos. E eu fico feliz em dizer que, de uns 10 pra cá, eu e a Fabi baixamos a guarda, falamos de um tudo e ficamos muito mais do que no melhor que podíamos ficar. No reveillon que passamos juntos, Fabi e eu protagonizamos conversas diárias compridíssimas - e eu lembro de cada uma com o maior amor, porque Fabi fala feito metralhadora como eu, pensa da família o mesmo que eu, tem gostos muito parecidos e é tachada de nervosinha (injustamente, né, querida?) do mesmo modo cruel. Fabi, eu tenho certeza, foi separada de mim na maternidade.

Numa conversa de porta, nesse fim de semana, Fabi dividiu comigo opiniões incríveis e acalmou meu coração só por me fazer ver que eu não estou só. A garota podia me virar a cara mais que todas, ignorando "aquela vadia nova que o Marcus arrumou" ou coisa assim. Mas eu e a Fabi temos tanto em comum que a gente nem precisa mais dos rapazes a tiracolo pra termos nosso lance.

Eu acho que essas amizades inusitadas todas só servem pra mostrar que, muitas vezes, vai de a gente se dar chance e dar chance aos outros. Aquela pessoa que você considera um porre, aquela bisca que se veste diferente de você, a nojentinha, a atacada, a bocó, a ex-o-que-quer-que-seja... todas elas podem não ser bem assim e virarem uma amizade como nunca antes. Eu fico contente de ter amizades assim na memória e no dia-a-dia.


Era pra ela ser só uma qualquer, mas ela virou tudo - até a "Tia Bia"


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Como eu queria consumir

Eu não sou uma pessoa muito dada ao consumo. Nunca fui. Deve ser trauma pela minha mãe ter me arrastado por tardes infindáveis pelo calçadão de Santo André enquanto procurava sapatos baratos pra uma renca de filhos malcriados. Enfim, eu nunca curti super, na veia, aquela coisa de entrar em loja, pendurar 20 cabides nos braços e passar horas experimentando, ponderando, pagando etc.. Quando eu saio pra comprar alguma coisa, costuma ser menos cena de "Delírios de Consumo de Becky Bloom" e mais "Supermarket".

Ainda assim, eu pratico o consumo (consciente) porque, saco, mandar as crianças pra escola enroladas em papel-toalha parece que não é socialmente aceito. Então eu vou lá e adquiro umas roupas, uns calçados, uns creminhos (que a idade avança e a gente quer ser desapegado, mas não um desapegado parecido com a casca do maracujá). Vou na boa, a maioria das vezes - até me deparar com o combo "preço/qualidade/design" dos produtos que infestam as prateleiras de lojas, mercados e afins.

Eu sou meio chatinha, eu sei disso (por ser chatinha é que eu aprendi a falar "pimentão" em seis línguas, pra não ter o desprazer daquilo relar na minha boca). Mas eu realmente não acho que blusas devam custar o mesmo que meu primeiro carro. Portanto, saio de bico da maioria das lojas. Daí eu viajo e, chatinha (eu disse, "pimentão" em SEIS idiomas), acho certas marcas de fora mais baratas e agradáveis. Daí, suuuperchatinha, sonho em tê-las aqui na cidade, pertinho do coração e da carteira. Eu sonho bem com...

A Old Navy, onde as meias infantis não causam gangrena nas pernocas e um sapato custa como sapato, não como o aluguel de um apartamento.

A H&M, que segue a mesma linha e é outra loja onde a gente pode vestir os filhos sem ter que se explicar pro gerente do banco.

A The Container Store, só porque eu sou maníaca e adoro uma caixa organizadora, uma prateleira prática e um arquivo imaculado - tudo no mesmo galpão com infindááveis modelos de cada coisa.

A Toys R Us, porque além da caixa de Lego e de Playmobil custar algo razoável, tem um monte de brinquedos abertos para "a gente" "testar".

A Macy´s, porque eu compro até que pouco, mas quando compro a lista conta com coisas semelhantes como um jogo de lençol, uma faca de pão e uma chinela infantil. Não é pra amar e morrer de saudade de quando a gente tinha lojas de departamentos?

A The Body Shop, porque eu compro poucos creminhos, xampus e quetais, mas os melhores que já comprei foi desse mix de loja descolada com loja natureba.

Um Chipotle. Tá, eu sei que não é artigo de vestuário que vende lá, e sim uns burritos da hora - e sei que eu moro em São Paulo e é absolutamente ridículo desejar MAIS UMA cadeia de fast-food. Mas eu gosto taaanto de um mexicano. E esse é o mais delícia que já comi.

Um In-n-Out. Tá bom, eu sei que citar uma cadeia de comida já é estúpido, que dirá duas. Mas é o meu hamburguer predileto - e como não ficar fã de uma rede que já tem quase 65 anos vendendo só um cardápio com meia dúzia de itens roots?

A Jo-Ann. Eu nem sou aquela titia que manja pacas de trabalhos manuais, mas só de entrar numa Jo-Ann a gente tem gana de começar a bordar, cerzir, fazer até aquele scrapbook brega.

Eu sei, todo mundo vai dizer "ah, tá, mas mesmo que tudo isso chegasse aqui, chegaria custando os tubos". Mas assim não, eu quero que chegue sendo tão bom e legal quanto já é e custando exatamente a conversão. Eu sei... eu consumo até que pouco, mas eu peço demais.

Eu quero bom, bonito e barato, sim. Pega eu.


domingo, 7 de agosto de 2011

O que é que eu vou dizer por aí...

... quando as pessoas descobrirem que eu às vezes vou dormir tão estafada que pulo o banho?

E que eu também já recolhi a chupeta das crianças do chão e, na falta de coisa melhor, lavei no suco e meti de volta na boca delas.

Eu não esterilizei absolutamente todas as mamadeiras que as meninas já tomaram. A maioria, devo dizer, eu apenas lavei bonitinho e botei pra rodar.

Eu não fiz todas as sopinhas com 100 gramas de carne, um tubérculo, um legume de cor forte, uma verdura escura e um tipo de grão. Às vezes, por causa do estoque falho, eu fiz apenas a sopa que dava pra fazer.

Eu já vesti o mesmo body de ontem na criança simplesmente porque não deu pra lavar toda a roupa - e ó, abandonei o tal sabão de coco aos 15 do primeiro tempo...

Eu já deixei entrar em piscinas de hotelzão, já deixei brincar na areia de playgrounds duvidosos, já deixei se esfregar na escadaria do museu.

Eu tive que largar chorando no berço mais de uma vez porque só tinha duas mãos.

Eu disse palavras nada otimistas na calada da noite, quando o cansaço me venceu.

Eu já chorei na frente das crianças mesmo com medo que isso pudesse deixá-las assustadas.

Eu fiquei triste uma ou outra vez quando todos os meus amigos partiram em viagem, baladas ou jantares a dois e eu fiquei aqui, trocando fraldas, servindo leite e jantando comida fria.

Eu já falei palavrão na frente das minhas mocinhas...

Eu liberei que a mais velha bebesse guaraná com um ano e meio - quando, numa festa junina, ela viu a lata e se atracou implorando pra beber.

Ah, eu liberei também uma porção de brigadeiros logo depois disso, numa festinha infantil, e tivemos que arcar com a primeira dor de barriga.

Eu amamentei menos, muito menos do que gostaria.

Eu escolhi a alopatia em vez da homeopatia.

E depois de colocar minha primogênita na escola aos 15 meses, eu fiz das tripas coração pra cuidar o mesmo tanto da caçula em casa - mas cheguei ao limite da "multitarefice" mais cedo dessa vez e amanhã seguimos para a mesma escolinha começar a adaptação da Olívia. Aos 10 meses e meio.

E agora eu acho que vou me apegar no que dizia aquela banda que um dia foi boa: "nem sempre se pode ser Deus".


Ainda assim, eu espero que você me perdoe, amor...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

As que não devem ser nomeadas

Existem, é óbvio, várias coisas que eu acho legais demais sobre a maternidade. Uma delas, que acontece até mesmo antes do bebê chegar, é que a mãe ganha um status diferenciado na sociedade. A maioria que passa pelo nosso barrigão quer nos parabenizar e afagar - às vezes até demais, e a mãe se sente uma estátua sacra de templo, periodicamente bolinada em meio às preces. Bom, esse brilho extra, essa importância de vetor da perpetuação da Humanidade e essa especialidade toda são bem legais. Bem mais legais, eu diria, que o outro lado da moeda, quando a gente vira "um bicho escroto que está dando cria pra ajudar a piorar esse maldito planeta".

É exatamente assim que muitos fazem uma mãe se sentir. No âmbito profissional, principalmente. Depois dos parabéns pelo bebê, acabou simpatia, viu? É neguinho de nariz torto porque aquela ali saiu de licença maternidade e a gente ficou com os abacaxis dela; gente de ovo virado porque a mãe recente voltou à labuta, mas telefona sofregamente pra saber do filhote; é a turma fofocandinho porque a fulana não anda lá muito bem penteada e as olheiras fazem-na parecer um panda. A coitada lutando noite adentro pra nanar o bebê não importa; "quis ter, agora 'guenta".

É, bom, a gente 'guenta mesmo. Eu aguentei. Vez por outra, ao aguentar, acabei dividindo isso e aquilo sobre a vida de mãe - só pra notar que a maioria não estava com saco praquele papo. Como freelancer, também aconteceu de não poder pegar o trabalho porque a menininha estava febril ou em fase complicada. Ninguém queria saber. E eu parei de comentar.

Ainda assim, porém, eu não podia levar a minha filha pro alto do vulcão e sacrificá-la em prol de um trabalho temporário espectacular. Não podia e não queria. E mesmo sem comentar nada em detalhes, tive que negar fogo outras vezes pela vida pessoal. Um dia desses aí, sala de reunião lotada de homens, expliquei que não poderia fazer a matéria porque envolvia uma viagem de uma semana. Assim, sem detalhes. Perguntaram por que, diabos, e então tive que soltar, uai, que eu tinha uma filha e cuidava dela sozinha, não podendo sumir do mapa por sete dias.

O retorno? "Você nunca ouviu a palavra 'babá', não?". Assim, direto de esquerda. Bom, eu conhecia a palavra 'babá' e nunca considerei um palavrão, mas o fato era que eu não tinha, não queria ter e não achava necessidade. Perder alguns trabalhos por isso estava no meu programa. Não no dos caras, porém.

E naquele dia ainda ouvi muitas baboseiras mais, como por exemplo "mas eu tenho filho e a minha mulher deixa com a babá pra trabalhar" (vejam que a mulher deixa com a babá; ele, não; ele deixa com a mulher, já que ela quem teve "a coisa" e, portanto, deve se encarregar disso). E naquele mesmo dia, deixando o prédio com vidros espelhados e povoado pela misoginia, decidi que nunca mais eu sequer tocaria no nome das minhas filhas pra recusar um trabalho.

Inventei cirurgia de separação do córtex cerebral, trabalhos fictícios em outra dimensão, reformas da casa do cachorro que eu não possuo; aleguei de tudo, menos algo que citasse minha vida em família e, sobretudo, as crianças. A sociedade brasileira é afável com a meninada - desde que ela não atravanque o progresso.

Às vezes sinto que deixei "eles vencerem", mas sacudo a poeira e fica assim. Melhor deixar pra lá do que tentar fazer uns e outros entenderem que o trabalho deveria ser só 33% da nossa vida - completos por mais 33% da família e mais 33% do nosso tempo pessoal pra hobbies, projetos secretos e uns minutos na banheira. Não sou eu quem vai ensinar pra ninguém que filhos criados por mães e pais presentes, que fizeram suas escolhas assim de bom grado, podem ser mais seguros, tranquilos e felizes.

Cada um acha como acha. E o que eu acho, hoje em dia, eu guardo bem longe das pastas de trabalho.