quinta-feira, 21 de novembro de 2013

8 coisas

Aí que a minha amiga Denize saiu-se com uma brincadeira dessas de facebook que parece corrente, só que do bem e muito mais legal. É um lance de receber um número e, com ele, ter que escrever a determinada quantidade de coisas que pouca eu nenhuma gente sabe sobre nós. Denize me deu o número 8. E eu fiquei aqui matutando...

... bom, tem muito mais que 8 coisas desconhecidas do *grande público* sobre a minha humilde pessoa. Ainda bem, que não serei eu a querer ficar famosa nessa vida e ter fotógrafo se escondendo nos buchinhos do jardim a caçar cliques. Que humilhante. Pros fotógrafos, claro.

Mas eu acho que posso dizer 8 coisas que pouca gente sabe sobre mim em âmbitos variados. Quem quiser, segura o chapéu aí e vem saber:

1. No profissional: fazendo uma conta básica aqui de uma ou duas matérias escritas a cada mês há 20 anos, mais as crônicas e etcs., creio que já botei pra rodar bem uns 2.000 textos por aí. E o meu favorito continua sendo o primeiro, feito pro jornal da faculdade, sobre uma pracinha safada de São Bernardo do Campo que estava em obras. Só porque foi esse que me mostrou que eu gostava mesmo daquilo.

2. No âmbito gastronômico: eu sinto ódio de gente que pede um prato no restaurante e fica mandando tirar a cebola, trocar o molho, substituir os legumes e enchendo o saco com coisinha. Mais que isso, eu só odeio gente que vai no restaurante e leva um saco de comida de lanchonete pra criança comer. Poderia atear fogo em todos. Se eu fosse o chef, ateava.

3. No âmbito da saúde: eu descobri há um ano que tenho uma bola de quase 8 cm no fígado. Foi um período apavorante até descobrir que ela não será operada, não será mexida, não será remediada. Ela vai ficar ali até... sei lá, espero que pra sempre. Ou que suma com magia.

4. No âmbito familiar: todas as pessoas no meu núcleo próximo têm apelidos absurdos de nomes que inventamos de pequenos ou ao longo da vida. Meus pais, por exemplo, sempre foram o Pintado e a Neguinha pros íntimos; deles nasceram Maria Borga, Relno e Chica; e os netos vão de Georgete e Bicho-Pau a Pedro e Daisy terminando em Janice e LaToya. É assim que a gente deve se identificar ao baixar como espírito e incorporar nos psicografistas.

5. No âmbito esportivo: eu sempre fui um fracasso nos esportes - em muito, porque eu tenho vergonha de tudo. Vergonha do traje apropriado, vergonha da fragilidade inicial, vergonha de ir muito mal, vergonha de quem assiste, vergonha de suar, vergonha de tudo. Vergonha nos esportes: sou portadora.

6. No âmbito turístico: eu só viajo pra curtir praia, natureza, sol e mata se eu não puder evitar (ou pra agradar às crianças). Acho um porre. Entendo o valor do descanso e do cenário, recomendo pra outros... mas meu negócio é acordar e conhecer cidades.

7. No âmbito televisivo: eu assisto 'Esposas da Máfia'. E não é pra tirar sarro, é consciente mesmo.

8. No âmbito do facebook: mais de quatro dúzias dos meus *amigos* de rede social estão no modo 'não mostrar no feed de notícias'. Não é por nada, são boas pessoas, mas enchem o saco com suas colocações. Eu encho também, quem quiser pode me colocar no 'não mostrar no feed de notícias'. Depois desse texto, se for o caso, manda ver.


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Auto-imagem

Sabe esse negócio de transtorno de imagem, no qual a gente se vê de um jeito diferente da realidade? Pois é, eu tenho isso aí. Só que a meu favor.

Percebi que eu sou portadora de transtorno de imagem - e que, surpresa, ele quer é me favorecer. Nada de achar gorda, feia, molenga, berebenta, esquisita e mocoronga. Meu transtorno de imagem só me quer bem. Eu coloco um conjunto saia e blusa, acrescento tênis, colares e pulseira, puxo o cabelo de lado e, no espelho, acho que ficou superlegal. Aí alguém bate uma foto na festa ou no jantar e... bem, eu estava parecendo um espantalho, na realidade. Mas eu gostei quando vi o conjunto!

Tenho senso-crítico suficiente pra ver, depois, que fiquei bagunçada - mas é um efeito retardado. Na hora de vestir, eu acho tudo bacana. E funciona pra outros setores.

Se fosse pra anotar sem pensar, eu diria que tenho uns 67 quilos. A balança da farmácia, por outro lado, aponta sempre algo entre 73 e 74 quilos. Nem adianta tirar celular, chaves, as balas e o chocolate do bolso, dá sempre isso (por isso eu já nem tiro, apenas desconto uns trocos). Eu me sinto mesmo com 67. Algum psiquiatra precisa estudar e explicar aí esse delay de seis ou sete quilos. Vai ver que é o ego pesado.

Tenho sempre a impressão que os cabelos brancos são charmosos e que a camiseta meio antiga é charme, não falta de tempo e verba pra comprar outra. Tenho sempre a impressão de que, como dito lá em cima, bota e tênis combinam com vestido e que chapéus me caem bem (apesar de toda guru de estilo ou blogueira de moda dizer que não, chapéu algum cai bem pra qualquer humano exceto o Adoniran).

Eu respondo a quizzes e acho que acertar 8 de 10 é um PUTA score, e que minha habilidade de motorista me habilitaria pra Le Mans. Eu gosto bastante da minha comida e tendo a me achar engraçada (daí, talvez, gostar também de chapéus, como dito acima, já que chapéu é pra quem sabe rir até de si). Eu me considero boa com as palavras. E cantando. E atuando. Mesmo sendo um trabalho interno e sem ninguém mais dar aval algum sobre disso.

Tenho sérias críticas à minha pessoa, mas quase nenhuma delas tem a ver com aparência e apresentação social. Tenho certeza absoluta - até com testemunhos - de que outras pessoas discordam veementemente e acham que, vixe, eu precisava bem urgente de uma personal (stylist/ shopper/ trainer/ complete aqui com outros ajudantes). Mas eu só peço opinião alheia pra ter certeza que a minha é boa o suficiente. E que as barras dobradas da calça não achatam minha silhueta, mas sim a destacam.

Se eu acho tudo perfeito? Longe disso. O nariz é grande demais, as coxas roçam uma na outra, teria que fazer um extreme makeover semanal nas minhas sobrancelhas... Mas podendo evitar a dor, pra quê correr na direção dela? Tento com integrais, saias em formato de A (com tênis, sempre), corretivo sob os olhos. E acho que fica é bom.

Não sei se eu tenho um transtorno de imagem do Mundo Bizarro ou falta de espelho em casa. Não sei se o 'problema' é falta de vaidade ou excesso de orgulho. Só sei que eu jogo no meu time - transtornada além da conta.


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Tomara

Aí a gente fica sempre se acreditando aquela pessoa altamente cética. Cééética, cética. Eu não acredito em fantasmas, vida após a morte, reencarnação. Eu até acredito em objetos voadores não-identificados, mas só pela incompetência da identificação, não que eles portem seres de outros planetas. Eu não acredito em duendes - e magia, pra mim, é tomar café e ver o líquido bater na cuca e acelerar o coração. Eu não acredito em bruxas ou fadas, só no poder científico da natureza mesmo. E acredito menos que tudo no sistema financeiro, em bolsa de valores e no risco-Brasil. Mas aí a gente, cééética, se escuta um dia dizendo 'ai, tomara que...'. Tomara. Tomara?!

'Tomara que o exame não aponte problema de saúde'. A rigor, se a gente for pensar, o tomara não muda a coisa: se estiver doente, o exame mostra; se não estiver doente, o exame mostra. 'Tomara' não vai mudar o resultado do exame. Ou vai?

Torcer pro time de futebol - faz diferença? Você e sua torcida entram em campo, mudam a trajetória da bola, acrescentam braçadas na água ou impulsionam os joelhos e a panturrilha? Não, na verdade. Mas os atletas sempre contam que a torcida a favor tem uma força incrível. Dá pra ser cético e gostar de esporte, então?

Torcer pela felicidade de alguém. Que diabo? A felicidade de alguém é algo tão particular que a gente pode aqui vestir sainha e agitar pom-poms no ar e ainda ser incapaz de mudar qualquer coisa na felicidade daquela pessoa amada. Mas as boas vibrações ganham os céus, batem no satélite e são capazes de atingir lá o outro, dando uma alegrada? Minha amiga que mora no exterior diz que sim, que fica mais feliz quando sabe que eu pensei nela. Dá, aliás, pra ser cética e ter amizade? Amizade não se pega, não se come... 'tomara que sejamos amigos pra sempre'. Pra sempre nem existe!

Tomara. Tomara, tomara, ai, tomara! Dizem os cientistas de uma revista médica que eu li há alguns anos (não tenho a fonte exata, você vai ter que ser menos cético e acreditar em mim apenas) que pensar positivo e desejar coisas boas, sim, tem influência no organismo. Que o corpo sabe quando a gente se anima, manda vibes legais pro cérebro, que solta lá sua magia de substâncias no sangue e evita doenças. Dizem também, os craques da medicina, que, por outro lado, bastam cinco minutos de stress reforçado pra jogar nosso sistema imunológico abaixo de zero. Então seu chefe chama na sala com cara séria, você entra em nóia, alguém espirra do seu lado... pronto, gripe causada por não ser capaz de mentalizar 'tomara que não seja demissão'. É isso?

Não sei. Só sei que ser cética me ajuda e atrapalha, mesmo sendo algo totalmente não-palpável. Eu não creio em cristais ou reza, mas eu digo muito 'tomara'. Tomara que dê certo.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Todos juntos vamos, pra frente, eu e você!

Depois de virar um yakult no meio da cozinha (e em cima da criança) e enfiar uma farpa debaixo da unha, eu admito que o dia não tinha se tornado, assim, colorido. O cinza lá fora dizia o mesmo, assim como a garoa fina marcada para qualquer momento decisivo, como estender as roupas lavadas ou sair pra comprar qualquer coisa na feira.

Aí eu tive más notícias sobre trabalho (mentira, foi sobre o dinheiro que o trabalho renderia, porque notícia ruim sobre trabalho eu tiro é de letra... já o calote...). Aí eu tive notícias não tão boas sobre amigos. Aí a coisa foi ficando, assim, sombria.

Então eu decidi que, sendo o penúltimo dia de aula da mais velha, a gente podia enfiar o pé na jaca e fingir de rico e pedir um almoço japonês pelo telefone. Melhor, pela internet, coisa de rico classudo e moderno. Eu pedi mesmo, pedi até rolinho primavera pra acompanhar. E o aviso de 40 minutos pra entrega se traduziu em 1h30, o que me obrigou a fazer um macarrão instantâneo pras meninas - sim, aquele guardado no fundo do armário, coberto de poeira de farinha de linhaça, destinado apenas a uma possível hecatombe nuclear.

Dado o atraso, saímos às pressas, fora do prumo, que tinha ficado lá em 12h45. Sendo agora 13h15, era abraçar o capeta e correr. E corremos, mas, lógico, dentro do modelo civilizado de estar em chamas por dentro, mas respirar fundo pra ir aplacando esse fogo. Aplacamos antes de o portão da garagem fechar. Estávamos começando a achar por bem cantar "Pai Francisco entrou na roda" quando um homem aparentemente não-medicado pelo psiquiatra sentou com a mão na buzina. Porque o semáforo abriu. Há dois segundos.

Bom, a gente abanou a mão pra ele em sinal de 'bandeira branca, amor, não posso mais, pela saudade que me invade eu peço paz'. E seguimos.

Na quadra seguinte, apinhada de automóveis, uma senhora jogou seu carro de lado, no espaço onde estariam carros estacionados, e... bem, "cortou caminho" para chegar primeiro no farol. Passou, trincando rodas, e partiu. Nossa.

Foram mais dois quarteirões de taxistas em fila dupla e um garoto que simplesmente parou no meio da via de mão dupla pra deixar a caranga furiosa com o manobrista. Desejei, secretamente, que o manobrista fosse aquele que pegou a Ferrari guiada por Ferris Bueller. E que ele tenha tido um dia divertido.

Crianças entregues, tarefa cumprida, entre mortos e feridos salvamo-nos todos. Eu espero que todos. Porque, ó: eu sou a mais favorável a sair na rua em manifestação por um país melhor, mais justo, mais sério. Só que não sei se adianta sair todo de branco, todo de preto, todo pintado, todo manhoso, todo portando cartazes em um dia só na década.

Serve, sim, se a gente sair de casa, também nos outros dias, deixando pra trás o saco estourando de cheio e passar da porta pra rua querendo fazer o país melhor hoje. E amanhã. E todo dia, toda hora. Não adianta chorar e gritar pelo yakult derramado, adianta superá-lo.




quarta-feira, 12 de junho de 2013

Eu carrego corações

Não é que eu seja, assim, uma fanática por poemas. Pra dizer a verdade, eu nem sei se eu entendo todos os poemas ou mesmo gosto da maioria. Daí que eles, os que eu entendo e gosto, acabam chegando na minha mente dos modos mais inusitados. Tem um que eu vi em um filme chamado "In Her Shoes", por exemplo. É com a Cameron Diaz e a Tony Collette, perfeitas nos papéis de duas irmãs muito diferentes sacaneadas pela vida e tentando se entender.

A irmã mais nova lê esse poema, o que é um grande feito pra dislexia dela, e é o momento mais bonito do filme. Eu gosto demais do sentido dessas palavras de E. E. Cummings - e achei legal colocar hoje, Dia dos Namorados, pra todo mundo ler. Porque essa é minha comemoração romântica favorita: o amor por todo mundo, os amigos, as crianças, de quem é ou foi, e não só de quem é mesmo namorado, casado ou tico-tico-no-fubá, como diria Silvio Santos (um poeta menos compreendido).

Então que vocês tenham o coração bem celebrado hoje! E celebrem o amor por todo mundo que fizer parte dos seus corações. Eu carrego o coração de todos desejando mais amor onde quer que vocês estejam!

I carry your heart with me
(I carry it in my heart)
I’m never without it
anywhere I go you go, my dear; and whatever is done
by only me is your doing, my darling
I fear no fate (for you are my fate, my sweet)
I want no world for beautiful they are, you are my world, my true
Here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called Life); which grows
higher than soul can hope or mind can hide
and this is the wonder that’s keeping the stars apart
I carry your heart
(I carry it in my heart)

Eu carrego o seu coração comigo.
Eu o carrego no meu coração.
Eu nunca estou sem ele
Aonde quer que eu vá, você vai, minha querida.
E o que quer que eu faça sozinho, foi você, minha querida.
Eu não temo o destino.
Porque você é o meu destino, minha doçura.
Eu não quero o mundo, por mais belo que seja.
Porque você é o meu mundo, minha verdade.
Esse é o maior dos segredos que ninguém sabe.
Você é a raiz da raiz, é o botão do botão.
E o céu do céu de uma árvore chamada Vida.
Que cresce mais alto do que a alma pode esperar
Ou a mente esconder.
 Este é o milagre que distância as estrelas.
Eu carrego o seu coração.
Carrego no meu coração.

E. E. Cummings

quarta-feira, 15 de maio de 2013

All by myself

Tem aquele filme que eu adoro, que advém de um livro que eu adoro, chamado "About a Boy" - ou "Um Grande Garoto", na tradução brasileira que deve ter sido feita pelo Cascatinha. No filme, Hugh Grant entra na pele de um dos principais personagens e explica que, ao contrário da máxima "nenhum homem é uma ilha", ele é sim. Ele é Ibiza. Bom, eu não sou Ibiza. Talvez eu seja a Sicília. Ou Marajó.

É fato que estar sozinha não é um grande problema pra mim. Eu não fico chateada, solitária, chorando no cantinho. Eu fico bem sozinha. Invento modas, invento tarefas, falo com a minha pessoa... assim, bem louca mesmo. E vem de longa data.

Por exemplo: eu preferia mil vezes fazer trabalho escolar sozinha. Mil e quinhentas vezes. Não era uma opção complicada, porque tinha aquilo tudo - sempre me destacavam como parceiro um cabeção preguiçoso e que não me deixava mandar no grupo; sempre dava pau; sempre era uma dificuldade marcar horário com aquela gente pra reunir a dupla ou a quadrilha (ocupados, nossa... deviam ser as pessoas de 11 anos mais ocupadas do mundo, com suas... disputas de Super-trunfo?).

Enfim, eu preferia pesquisar e escrever sobre Tiradentes pela minha própria conta e risco. Assim como aprender a dirigir. Que saco aquela pessoa sentada no banco ao lado dando palpites e botando reparo... "Acelera mais", "acelera menos", "solta o freio", "não solta o breque na ladeira", "anda do seu lado da rua", "cuidado com a velhinha"... Um porre. Bom mesmo foi quando tomei certa prática e achei um carro emprestado de alguém bem desapegado (obrigada, mãe) e pude sair guiando sozinha, testando comandos e pedais no meu tempo, assim como a noção de distância e a manha da embreagem (desculpa de novo pelo amassado no portão, mãe).

Tão bem eu fico como dona do meu nariz que, pasmem, ninguém conheceu meu vestido de noiva até o momento de entrar no salão. Até ali, alguns viram o desenho, mas nada mais. Eu fui sozinha em todas as quatro provas que a costureira insistiu em fazer. A melhor parte foi que eu decidi tudo sobre ele - a não ser sobre aquele tico de tecido extra na saia, que eu mandei tirar, mas a moça da agulha se rebelou. Tive a impressão que ela ia chorar e dizer "se você tivesse uma acompanhante aqui aposto que ela concordaria comigo!". Mas eu não tinha. Até pra ela não concordar com a costureira mesmo.

Exames médicos: não faço questão de ninguém segurando a minha barra. Olha que eu fico com o coração na mão e talvez fosse bom alguém segurá-lo um pouco enquanto eu vou ali toma o décimo copinho de água, mas prefiro que não. Ficaria aquele clima de jogar conversa fora e fazer a social, quando na verdade só o que eu quero é morrer dez vezes. Não morro, aceito as picadas, as investigações arqueológicas e as doses de embaraço na salinha escura do exame de imagem e fim. Tomo um café com bolacha depois, acompanhada dos fones de ouvido com música, e fim mais ainda.

Nem no nascimento das minhas duas filhas necessitou muito acompanhamento. Especialmente no caso da primogênita. Marcar ultrassom no meio da tarde era muito mais ligeiro e tranquilo. E quem pode ficar saindo do trabalho plena 14h30 pra ver bebê cinza na telinha? Deixa comigo. Fui, vi e venci - e não levei dispositivo para gravação do conteúdo, desculpem. Foi para meus olhos apenas.

Mas é notório que, conforme o tempo passa, estar sozinha é quase tão possível quanto nadar pelada no Pólo Norte. Não acontece mais. Não há muita hora pra isso nos dias de semana, sempre lotados, nem nos fins de semana, lotados e com crianças. Não se pode tomar banho sem o banheiro ser devassado por menores, não se pode ler muito tempo sem tocar um celular ou fixo, não se pode nem ficar escondida no banco traseiro do carro lá na garagem por meras três horas antes que chamem a polícia... Dureza.

Hoje me contento em ser uma ilha internamente. Hoje devo ser, sei lá, uma das Keys lá da Flórida, que seria ilha não houvesse tanta ponte se pegando a elas. Eu sou uma ilha, mas a vida se encarrega de desembarcar turistas em mim a cada quarto de hora. Tudo bem nessa porção de terra cercada de gente por todos os lados.


Podem vir, a solidão morreu de velha

domingo, 14 de abril de 2013

A casa da árvore ponto com

No dia 11 de abril de 2003 eu sei exatamente o que eu estava fazendo. Eu estava ansiosa e eufórica, louca e alegre, apreensiva e motivada. Não, eu não tinha tomado uma carga extra de Fanta Uva, um vício daqueles tempos (que eu não pratico mais porque, bem, tenho medo de já estar roxa por dentro). Eu tinha embarcado, semanas antes, em um projeto todo novo, um site. Eu tinha, na verdade, embarcado, anos antes, em uma amizade.

Falemos primeiro da amizade. Ela foi forjada no fogo de um vulcão perdido no... mentira. Ela foi forjada no banco dianteiro de uma Ferrari 250 GT California... mentira. Ela foi forjada no banco traseiro de uma perua verde rumo a Walley World... mentira. Mentira, não. Tudo foi verdade: minha amizade com a Vivi e a Clarissa foi forjada em filmes que todas adorávamos, em músicas que todas cantávamos, em situações que todas passamos, em recordações de parentes, escolas, ruas, viagens, vacilos, acertos e no pudim que a gente dividia em todo jantar marcado no shopping. Do jantar - e das conversas - passamos ao site.

O site veio pra servir como um mural onde a gente pregava passado, presente e futuro. Era informal e irreverente nas palavras e temas, era a coisa mais profissional que eu já tinha feito na organização, no compromisso e no carinho. Por isso a gente escreveu e eles vieram. Vieram 30. Depois 80. Depois 200. Depois milhares. Cliques e mensagens de gente que morava daqui até o Japão, que tinha de 13 a 50 anos, que gostava de Fábio Jr. e de Iron Maiden.

Nós nos tornamos, pra muita gente, embaixadoras das coisas boas. De escrever bem, de ter boas memórias, de defender os absurdos, de resgatar a intimidade. E olha que a gente levou um ano pra dar nome completo e mostrar o rosto. Fôssemos só gente bem-lançada ou carinhas bonitas na internet... ninguém saberia.

Mas a gente sabia que fazia a coisa certa. Vivi era um poço profundo de bom gosto, elegância, delicadeza e ao mesmo tempo uma suburbana passa-mal que adquiriu um Snif-Snif porque ele era o mais feio da prateleira. Clá era um oásis de palhaçada virtual, uma desembestada que se pegava com ratos pela casa e ao mesmo tempo a melhor referência possível em literatura, música e arte de qualidade. Eu fiz o que pude pra acompanhar o ritmo. E tudo deu certo.

Deu certo a ideia de colocar pra fora nossas mais sinceras opiniões e recordações e a vontade máxima de fazer aquilo que nenhum emprego formal como redatoras rendia - escrever com liberdade. Deu certo ganhar um trocado primeiro com a revista Época, que nos contratou pra uma página fixa, depois com o portal IG, que apostou no nosso apelo. Deu certo, muito mais que tudo isso, trazer pra perto gente que procurava um canto seguro na internet pra fazer amizades com seus iguais. A gente era tudo diferente, mas tão iguais.

Foi a comunidade mais alternativa da qual eu pude participar. Eu, Clá e Vivi passamos por aqueles 2.470 textos juntas - com desentendimentos resolvidos em tempo recorde e sem rancores, sem cobranças e chatices, repartindo obrigações e contas com gentileza. E sobrevivemos também a dia de falta severa de dinheiro, a momentos duros e tristes, a novos rumos, à mudança de país, à chegada das crianças e partida de outros amores. Juntas e separadas, tivemos bem mais que nossos 15 minutos de fama.

Quando decidimos acabar, foi por isso também: porque o valor da amizade sempre precisaria ser maior que tudo - e era hora de acabar com tudo o mais. Por cima, felizes. Foi triste, mas foi bom. Eu ainda tenho dificuldade de dizer alto o nome Garotas que Dizem Ni. Mas a casa na árvore que montamos 10 anos atrás, na qual passou tanta gente e que serviu tão bem pra esse clube, fica pra sempre. Nelas e em mim.


terça-feira, 26 de março de 2013

Eu, ela e a Hannah Montana

Aí a menina ficou triste porque brigou com o namoradinho que descobriu seu segredo. Ela se refugiou num velho gazebo com roupas puídas e um violão e, no caderno, escreveu a letra de uma música. Tocou para o pai, que foi buscá-la no canto escondido, e dividiu com ele a mágoa na base do dueto bem afinado. Não é história de verdade, é uma parte do filme "Hannah Montana - O Melhor de Dois Mundos". Dezoito meses atrás, a Sabrina viu esse filme - e uma coisa tocou dentro dela. Moda de viola.

Algumas das amiguinhas da Sasá assistem novela, como Carrossel (no SBT) e Violetta (no Disney Channel). Eu vetei ambas em casa porque a primeira é bem porcaria e termina tarde e a segunda é bem porcaria e... é muito porcaria. Eu considero porcaria aquilo que eu não assinaria como escritora: o texto é chinfrim, os clichês correm soltos, o enredo é manjado e um bocado babaca. Nem são engraçadas. Porque a gente até aceita assistir uma porcaria, mas que seja pelo menos uma porcaria engraçada, poxa!

Novelas para a idade dela não são. Mas os seriados são. Aqueles que chamam de "enlatados americanos" - que nós, adultos, conhecemos tão bem do Sony ou da Warner e os pequenos conhecem dos canais infanto-juvenis. Quer dizer, nem todos conhecem: recentemente a Sabrina veio me contar que uma das amigas fica chateada que os pais não a deixam assistir seriados na TV a cabo. Não sei o motivo exato, mas suspeito do velho combo "é uma droga globalizada". São mesmo. Mas são engraçados e os diálogos e enredos costumam ser bem acertadinhos. Eu rio. Sabrina também.

Aí a gente chega na Hannah Montana. Enquanto série, a personagem nunca chegou aqui em casa. Acho que quando o seriado estrelado pela cantriz adolescente Miley Cyrus passava na TV, Sasá era pequena e ainda curtia mais um Backyardigans do que "filmes de gente viva", como ela chama (o que não é desenho). Passou batida toda febre de Hannah Montana. Anos mais tarde, já pelos 6 anos e meio, ela se engraçou com outras séries do tipo, como "Zack & Cody", "Jessie" e "iCarly". Vinha assistindo uns aqui e ali até que, um dia, o canal passou a propaganda de um "filme de gente viva" que estrearia logo. Ela pediu pra ver, eu deixei.

Sentei pra ver junto vários pedaços e entendi que era um longa da Hannah Montana, com a personagem pirando na fama e sendo levada de volta às raízes no meio rural nos Estados Unidos. Era engraçadinho. Na cena descrita lá no primeiro parágrafo, eu vi Sabrina de olhos estalados na tela. Es-ta-la-dos. O queixo estava até meio penso na cara. Ficou embasbacada com a menina e o violão.

Sasá já tinha, naquele mesmo mês, ficado animada com "Escola de Rock", visto no DVD. Mas a batida rock'n'roll estava muito avançada, acho; o country melódico fez melhor o trabalho de enaltecer os instrumentos e a canção em si. O rock plantou, a Hannah Montana colheu.

No Natal, a criança esqueceu qualquer boneca, jogo e outros e escreveu um calhamaço de cartas pro Noel trazer, porfavorzinho!, um violão de presente. Noel camelou pelas ruas, mas achou e trouxe o violão. No início das aulas, lá foi Sabrina driblar esportes e artes e se inscrever, decididamente, na aula de musicalização. Ela entendeu que pai e mãe não ajudariam nada nessa hora - porque eu, por exemplo, sou ruim até de tocar triângulo. Se o mundo musical dela dependesse dos parentes, ia a lugar nenhum. As aulas ensinaram muito. E aconteceu uma paixonite pelo violino, um flerte com o piano... e um amor descarado pelo violão.

Esse ano Sabrina correu ainda mais adiante e se colocou na aula de violão mesmo, nada mais de chocalhos, reco-recos e apitos no caminho. Só ela, o violão e a determinação. (E um apoio de pé, um apoio de partitura, pasta pras canções, "deixa minha unha do dedão sem cortar pra poder tocar melhor, vai, mãe?). Não, unha comprida só lá quando eu não for mais a responsável pela integridade dela.

No mais, fiz de tudo o que podia pra esse sonho de se expressar com o violão virasse uma realidade. Mas eu sei que eu fiz muito pouco. Ela fez tudo. A Hannah Montana fez mais ainda. Bobamente, com aquele roteiro engraçadinho e muito carisma, Hannah Montana despertou uma criança para a música. E, só por isso, ela já vai estar sempre no meu coração.



Hannah Montana começou, agora todo tempo é uma Ode à Alegria


quarta-feira, 13 de março de 2013

Uma nova revista para elle, ops, ela

Aí chegou a década de 1990 e todo mundo que tinha desconfiado ganhou certeza: o cigarro era coisa ruim mesmo. Rolou processo, protesto, piti - e um monte de filmes pra falar que a indústria do tabaco era feia e boba e mentiu dizendo que pitar um fumo era sucesso, quando na verdade era tiro na testa. Passados todos esses anos, até Hollywood (a do cinema, não a do "sucesso") desencanou de produções contando os bastidores do que todo mundo já sabia. Cigarro, a longo prazo, causava doença, morte e um futum lazarento na pessoa. Cigarro fazer mal é notícia velha. Então a gente já pode colocar na mesma seara as revistas femininas e essa coisa de "oh, elas estabelecem uma ditadura de beleza inalcançável e condena todas nós a morrer pobres, deprimidas, barangas e humilhadas!"? Chega, passou. Revista feminina te faz mal? Para de consumir, oras

O caso é que as revistas femininas de fato acabaram se enrolando em todo o processo de aquisição do "girl power" e, com os anos, o que era um periódico pra falar dos vestidos rodados da moda e de como arrumar bem a casa pro marido virou um emaranhado de informações loucas e/ou dispensáveis. Porque quantas matérias sobre biquínis, dietas e scarpins a gente consegue ler na vida? A maioria já deve ter tido sua cota.

As revistas femininas no Brasil, hoje, se limitam a meia dúzia de títulos que versam muito sobre roupa, sapato, maquiagem, cabelão e celebridades. Fazer o quê? Talvez as pesquisas digam que a mulher brasileira quer ler isso aí, ué. Eu, de minha parte, acho que pesquisa é o cacete e bom seria parar de ir sempre na mesma onda e criar a tendência, mostrar para a leitora uma coisa nova, descobrir e oferecer um caminho, e não servir só o arroz com feijão de anteontem. Isso dá azia. E gases. Ó, vai ver é por isso que as moças saem com aquela cara na foto da capa!

Eu sei, parece mesmo uma ditadura de gente fazendo carão (carão de quem não sabe multiplicar número de dois dígitos), vestindo roupas que só ficam bem em coxas que não se roçam, usando sapatos que causam joanete, sugerindo cardápios de água, torrada e peito de peru do café ao jantar e apostando que cremes anti-idade são máquina do tempo.

Mas não é uma ditadura que te aponta revólver, joga no bagageiro e leva pro porão escuso, tá? O jornaleiro não vai te perseguir pelas ruas se você disser "não, Juarez, obrigada mas hoje eu prefiro não levar a Fulana porque essa atriz da capa me assusta com tanto aplique e brocado e eu não gostei dessa chamada sobre '879 maneiras de trancar seu homem num cativeiro até ele te amar de verdade'". Juarez não liga. Você devia ligar menos também.

É só entretenimento, gente. Só isso. Digo com certeza, por conhecimento, que a revista não é uma entidade inteligente programada para desgraçar mulheres. A revista é um objeto inanimado feito por moças comuns, como eu e você, que comem, bebem, dormem, dormem com vários caras até achar o certo, dormem na reunião de pauta chata, viajam, vão ao cinema, têm filhos, problemas e contas a pagar. Elas são, na maioria, normais e bacanas - ao contrário do que Anna Wintour e "O Diabo Veste Prada" andaram propagando por aí.

Elas fazem o melhor que podem com a abertura que têm. O problema, se é que existe algum, talvez seja esse mesmo: no afã de encantar só a diretoria com centenas de páginas cintilantes, as revistas esqueceram de encantar as moças que trabalham ali mesmo. E eu. E você, garota comum. Gente que apenas acorda... gente. Que não é mulherzinha o tempo in-tei-ri-nho - e talvez gostasse de ler mais sobre lugares interessantes, sobre móveis ecológicos, sobre uma noite no karaokê e até sobre como dar um up no guarda-roupa sem gastar um carro zero. Reportagens legais pra pessoas de verdade que, sim, são mulheres e gostam de uma linguagem focada em si, com a sua pegada feminina, um pouco feminista, bastante maricota às vezes mas não sempre.

E, eu sei, dá raiva quando dizem que "mas então, temos sim este mês uma entrevista com a Isabel Allende e uma reportagem sobre o tráfico de crianças no Malawi!". Sim, e duas páginas depois tem uma moça com a silhueta característica do Malawi desfilando casacos com o valor do PIB do Malawi. Botar uma entrevista-cabeção em revista feminina, hoje, é como botar uma página de texto corrido na Playboy - é sistema de cotas apenas. Não é sério.

É isso, não é sério. Não leve a sério. E, se perceber que tá levando a sério, larga a coisa! Ninguém é obrigado a se basear em publicações. Se o lanche comprado no McDonald's não parece com o da foto, porque a gente precisa parecer?!

Pede ao Juarez da banca uma revista de viagem. De culinária. De esporte (mas só se amar futebol, que outra coisa quase não tem). Aposta em uma edição sobre patchwork, quem sabe você não se descobre um gênio da costura? Compra um caderno de violão. Compra um gibi! Eu recomendo os da Disney, estão em ótima fase. Ou compra mesmo a revista feminina, ignora o que parecer balela e segura o que é bom. Nem que seja a amostra grátis de perfume.

Na era da tecnologia, assina no tablet uma edição estrangeira - aproveita pra treinar um idioma e testar revistas nicho de mercado, que no exterior tem muita. Muita. Dá pra assinar revista só sobre primatas. Albinos. Do ocidente. Pode apostar.

O que não dá mais é pra se diminuir perante uma garota de 17 anos com o quadril de um melão e a pele de juventude e achar que o mundo vai te cobrar ser assim também. O mundo tá nem aí. Aliás, ele saiu há horas pra fumar um cigarro e não voltou.


Fica fria, não é o general da ditadura, é só... uma moça com muita dor de cabeça?


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Família vende quase tudo

Sempre correm boatos aí dando conta de que "a Flávia? Ela joga tudo fora". Eu, de pés juntos e mãos unidas, juro que não jogo quase nada fora. Eu reciclo, eu doo, eu vendo. Eu jogo nada fora - só resíduos orgânicos mesmo, mas é que ninguém me deixa fazer compostagem nessa casa.

Reciclo mesmo com um pesinho na consciência, porque na verdade eu preferia que as coisas tivessem menos embalagens, invólucros, pacotes, plásticos. O que é aquela besteira de uma cabeça de brócolis vir sentada em uma bandeja de isopor e encapado com plástico grosso?

Doo bastante coisa também porque, sei lá, é mais forte que eu. Compro uma blusa nova, uma antiga vai embora, é como é. Não me interessa que talvez possa usar de novo daqui uns seis meses, pra fazer a pintura da parede da garagem ou tingir o cabelo... Não. Já não está em uso semanal, passar bem. Armários pequenos e pouca paciência com acúmulo me fazem remeter mensalmente boas sacolinhas de roupas, sapatos e artigos de cozinha (porque, caramba, não consigo olhar pra um jogo de três xícaras).

E vendo. Vendo sim. Porque nós vivemos em um país que ainda não aprendeu muito sobre a arte das vendas de garagem e na beleza de comprar coisas usadas mas em bom estado. A gente é muito esnobe ainda e não acha bonito comprar aquela mesinha por uns contos e lixar e pintar e usar. A gente só quer o que está estalando de novinho. Ah, que bobagem.

Porque sempre tem gente como a gente que também cuida muito bem dos objetos e que, nada de mais, de repente troca as coisas de lugar ou encapa o sofá e nada combina agora. E, aí, que mal haveria em vender/comprar aquilo que teve sua boa vida na casa de um e pode bem ir morar na casa de outro?

Eu gostaria de ter uma boa entrada de garagem, calçada ampla, boa de organizar tudo ali e esperar a galera vir comprar. Mas eu moro em prédio - e se eu colocar meus antigos pertences na saída de carros, provável que a filha da vizinha atropele meus pôsteres tão bonitos e os transforme em confete. Não seria um bom destino para Roy Lichtenstein.

Então, com a ajuda da rede, faço aqui meu 'garage sale' virtual. Só uma pontinha do iceberg de coisas que estão à venda. Sempre tem algo à venda na casa de quem 'joga tudo fora'.


Decanter para vinho. A gente aprecia bem a bebidinha, mas, né... Família italiana, a gente mata na garrafa mesmo. O decanter está ficando chateado com isso e quer um novo lar. R$ 45.
VENDIDO


Um massageador 'barra' diminuidor de celulite. Quase sem uso, porque a massagem é feita por sucção e me dava muita cócega. R$ 40.
VENDIDO

Pôster do amigo Roy, supracitado, ainda na embalagem e com paspatur branco.
Mede 28 cm x 36 cm. R$ 20.
VENDIDO


Minha amada mesa de centro que serviu muito bem por cinco anos (e ninguém diria, porque ela é rústica e porque eu ameacei a vida de quem colocasse copos molhados sobre ela). R$ 150.
VENDIDO


Pôster sem moldura da marca Daimler-Chrysler adquirido por um entusiasta dos automóveis. Mede cerca de 60 cm x 35 cm. R$ 30


Pôster com moldura completa de um dos meus filmes favoritos de todos os tempos. Veio de Londres, foi emoldurado e agora quer um novo dono. Sem um defeitozinho sequer. R$ 100.
VENDIDO


'Michael, ela vai vender meu pôster... Chame o consiglieri e acaba com ela...'. Mentira, Vito jamais faria isso comigo porque esse outro pôster com moldura completa de outro dos meus filmes favoritos de todos os tempos, que também veio de Londres, está lindo e intacto. R$ 100.
VENDIDO


Pôster para fãs do líquido preto mais famoso do mundo. Ah, não, não é da Coca. Pode ser Pepsi?
Mede cerca de 20 cm x 35 cm. R$ 15.
VENDIDO


Go, Speed Racer! E checa se o macaco não está trancado no porta-malas. Pôster bonitinho, embalado e nunca exposto, mede cerca de 20 cm x 35 cm. R$ 15.
VENDIDO


TV que muito me serviu para cozinhar e assistir barbaridades ao mesmo tempo (e não, não eram programas de receita com a Palmirinha, era filmão na TV a cabo). 6 polegadas, bom estado, aquilo tudo. R$ 90.
VENDIDO


Precisa dizer que veio de Londres? Ah, o metrô... Decore as estações, impressione os amigos, vá um dia ver de perto. Pôster emoldurado e com vidro, intacto, lindinho. R$ 90.
VENDIDO


Podemos tratar entrega com frete, hora de vir buscar com café e bolo, etc. e tal. Podemos dar mais informações também. Tudo no flaviapegorin@hotmail.com. Não se avexe: usados ainda têm seu valor, vamos achar novos lares pra eles.




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

iMom

Eu e uma amiga falávamos um dia desses sobre um bom jeito de ganhar dinheiro rápido, fácil e na forma de 'bastante'. Eu sei, parece a classe média sofrendo de sua vidinha mais-ou-menos, tão opressora e terrível... mas a verdade é que os tempos estão bicudos pra quem tem a péssima mania de viver à margem do governo (pagando por fora pela escola, pela saúde, pelos seguros de todos os tipos etc.). Aí a gente achou que precisava de um dinheiro extra - e qual a melhor forma, hoje, senão vender uma ideia tecnológica muito bacana? Aquelas coisas que os garotos de 19 anos criam no dormitório da faculdade e depois vendem por zilhões. Bom, eu sou ruim de vender e já vão longe meus 19 anos, mas tenho umas ideias aí. Tá anotando, Dona Indústria de Aplicativos, Dispositivos e Outras Coisas Com as Quais Minhas Digitais Não Sabem Lidar? Então anote.

Na qualidade de mãe, eu sou uma fonte infindável de ideias para esse setor da sociedade. E olha que somos muitas. E olha que a gente não sabe instalar um bom antivírus no computador, mas somos fãs de tudo o que facilite e torne a vida mais sadia, alegre e funcional. Por exemplo, fotos dos nossos pituxitos da momõe em cada uma das mínimas cenas do dia a dia: tiramos, sim! Muitas! Mas perdemos vários cliques correndo em busca da câmera, ajustando foco, decidindo pelo uso ou não daquele horripilante flash-cega-nenê.

Muito mais negócio se alguém pudesse inventar um dispositivo acoplado aos nossos olhos, tipo um óculos bonito que pudesse ser acionado a cada momento visto por nós. Bebê riu, clique no óculos! A versão avançada poderia ser acionada por um piscar do olho? Eu agradeceria, porque perco meus óculos o tempo todo entre a papelada de trabalho e a roupa pra passar. Aproveita e insere uma opção de gravar vídeo também, eu acho bonitinho quando as meninas cantam canções inteiras em inglês errado.

Outro bom aplicativo para a vida real seria uma forma de gravar toda a rotina da criança para qualquer outro adulto que assumisse a liderança dos trabalhos. Como o pacotinho gosta da comida, onde prefere se aconchegar pra dormir, bicho de pelúcia favorito, canto mais apropriado pro castigo e frases de efeito pra evitar o castigo - tipo 'experimenta subir aí que você vai ver a mamãe virar um dragão em fúria'. Bastaria acessar a agenda e ver que agora é hora de brincar, depois precisa dar lanche, aí precisa sair 12h43 pra chegar na escola a tempo porque o trânsito no bairro parece enlouquecer exatamente às 12h44... Tudo isso.

Se der, podia incluir ainda uma máscara holográfica que deixasse o adulto responsável com a exata face da mãe ou do pai, conforme preferido no momento. Assim não tem aquele espetáculo da Broadway porque o pimpolho está morreeeendo de saudades da mamãe. Que saiu pela porta faz 38 segundos.

Os aparelhos que disponibilizam mapas, aliás, já podiam por favor evoluir para uma versão 'Pais em Desespero'? Porque é legal achar o monumento, o museu e a igreja, mas também seria ótimo descobrir onde fica o parquinho mais próximo, um restaurante amigo dos cadeirões ou um banheiro apropriado para trocas de fraldas - um que não se pareça com um beco de venda de crack ou uma jaula que comporta 12 gorilas destemperados.

Não é difícil, vai. Vocês conseguiram tornar sucesso de público aparelhos que se comunicam até com a MIR, aplicativos que fazem planta baixa e contam glóbulos vermelhos e jogos com passarinhos que assassinam porcos. Ponham aí as nossas necessidades maternais em prática. Toda mamãe agradece.


Alô, indústria? Precisamos conversar sobre umas ideias aí...