quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Tomara

Aí a gente fica sempre se acreditando aquela pessoa altamente cética. Cééética, cética. Eu não acredito em fantasmas, vida após a morte, reencarnação. Eu até acredito em objetos voadores não-identificados, mas só pela incompetência da identificação, não que eles portem seres de outros planetas. Eu não acredito em duendes - e magia, pra mim, é tomar café e ver o líquido bater na cuca e acelerar o coração. Eu não acredito em bruxas ou fadas, só no poder científico da natureza mesmo. E acredito menos que tudo no sistema financeiro, em bolsa de valores e no risco-Brasil. Mas aí a gente, cééética, se escuta um dia dizendo 'ai, tomara que...'. Tomara. Tomara?!

'Tomara que o exame não aponte problema de saúde'. A rigor, se a gente for pensar, o tomara não muda a coisa: se estiver doente, o exame mostra; se não estiver doente, o exame mostra. 'Tomara' não vai mudar o resultado do exame. Ou vai?

Torcer pro time de futebol - faz diferença? Você e sua torcida entram em campo, mudam a trajetória da bola, acrescentam braçadas na água ou impulsionam os joelhos e a panturrilha? Não, na verdade. Mas os atletas sempre contam que a torcida a favor tem uma força incrível. Dá pra ser cético e gostar de esporte, então?

Torcer pela felicidade de alguém. Que diabo? A felicidade de alguém é algo tão particular que a gente pode aqui vestir sainha e agitar pom-poms no ar e ainda ser incapaz de mudar qualquer coisa na felicidade daquela pessoa amada. Mas as boas vibrações ganham os céus, batem no satélite e são capazes de atingir lá o outro, dando uma alegrada? Minha amiga que mora no exterior diz que sim, que fica mais feliz quando sabe que eu pensei nela. Dá, aliás, pra ser cética e ter amizade? Amizade não se pega, não se come... 'tomara que sejamos amigos pra sempre'. Pra sempre nem existe!

Tomara. Tomara, tomara, ai, tomara! Dizem os cientistas de uma revista médica que eu li há alguns anos (não tenho a fonte exata, você vai ter que ser menos cético e acreditar em mim apenas) que pensar positivo e desejar coisas boas, sim, tem influência no organismo. Que o corpo sabe quando a gente se anima, manda vibes legais pro cérebro, que solta lá sua magia de substâncias no sangue e evita doenças. Dizem também, os craques da medicina, que, por outro lado, bastam cinco minutos de stress reforçado pra jogar nosso sistema imunológico abaixo de zero. Então seu chefe chama na sala com cara séria, você entra em nóia, alguém espirra do seu lado... pronto, gripe causada por não ser capaz de mentalizar 'tomara que não seja demissão'. É isso?

Não sei. Só sei que ser cética me ajuda e atrapalha, mesmo sendo algo totalmente não-palpável. Eu não creio em cristais ou reza, mas eu digo muito 'tomara'. Tomara que dê certo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Religião na minha família é uma bagunça, oficial temos a católica, mas também tem traços de shintoísmo, budismo, umbanda, espiritismo e dai por diante. Acredito em Deus. Deus pra mim é ver como tudo mesmo não sendo perfeito, funciona. Seu pulmão vive sozinho. Se você esquecer de mandar ele funcionar, ele ainda vai respirar. O sangue circula. A abelha sabe para onde ir. Deus é sobrevivencia, instinto, energia. Acredito em energia apesar de não ser Jedi. Hahahah. Acredito na força da palavra, em mentalizar coisas boas. Acredito em tomaras, porque é até aonde podemos chegar quando algo está fora de nosso controle. Torcer pra dar certo! Nunca fez mal, acho que nunca fará. Ciência é minha amiga, ela me explica coisas de forma teórica e sempre vai andar de mão dada com o meu Deus. Que respeita todos os seres vivos, inclusive os homens, até os intolerantes disfarçados. :D (comentário inspirado no seu texto Flá e nesse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=TzV1r5SCc8U#t=69)

Daniele disse...

Oi Flá, "poder científico da natureza", que diabo é isso?

Se o exame for aqui da minha cidade não mostra nada e, se mostrar, não tem médico decente pra entender. :(

Eu acredito que todo mundo crê em alguma coisa, você não fica se acreditando altamente cética? E, se você pensa nisso, a fé (ou a falta dela) é uma questão que te incomoda.

Marcelo hideki disse...

Enquanto falarem "tomara" tudo bem,mas me incomoda quando vejo "tomare" kkkkk