quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Minhas férias

Nós fomos à praia em família e a pousada não ficava perto da praia, ficava ao lado de um riozinho. Toda manhã, depois de um café indecente de tão bom, o Marcel levava a gente no barco pelo riozinho até atracar na areia e nos largar na praia. Comíamos milho cozido cortado com manteiga, bebíamos água de coco aos litros (e umas biritas malvadas também, não vou negar) e fazíamos castelos com e sem túnel subterrâneo - mas os sem túnel tinham graça nenhuma.

Cinco dias na praia, de férias, Dono da Casa, meninas e eu, valeram, como sempre, por uma vida. Aquela água salgada parece ter o dom de nos deixar contentes - e olha que as aulas de surfe ministradas ali na praia ficaram pra uma próxima, o que com certeza vai render as maiores risadas.

Peixe fresco pra comer, sol pra esquentar, uma cama pra cair de noite antes mesmo das 22h, que o vigor muscular para remar a canoa toda tarde e alegrar Sabrina não é mais aquele. Ficamos muito juntos, falamos muita besteira, comemos até um picolé de açaí pavoroso por engano - e eu ainda digo, em minha defesa, que a fruta da embalagem parecia demais uma uva. Tudo o que férias devem ser.

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Sabrina se mandou pro sítio da vó e do vô por uns 10 dias. Eu não sei bem o que aconteceu por lá, mas ela voltou mais cheinha, mais mimada, falando alto e me perguntando absurdos como "Mãe, você assiste a novela 'A Vida da Gente'? É legal!". Mais uns dias e ela começaria a fazer tricô, trocar os nomes das pessoas e achar o Agnaldo Rayol um pão.

* * * * *


Lica e Sá precisaram ser despachadas pra casa dos parentes uma vez mais, por três dias, pra eu poder acompanhar o Dono da Casa numa viagem da firma. Antigamente eu abominava com bônus essas viagens, achando que ninguém ali tinha picas a ver comigo (como se eu fosse a artista principal) e que era um porre de gim tônica aturar o papo de certos tipos. Faz um tempo que mudei de ideia. Tenho uma sorte dos infernos e, toda vez, conheço alguém adorável que vale horas de papo. Minha nova amiga de infância é a Claudia, a portuguesa mais linda e divertida de todo o continente (o dela e o nosso).

Eu e Claudia ficamos na piscina onde ninguém ficava, papeamos sobre Portugal e sobre o Brasil, comemos lanches bons e refeições ruins, sorvemos com prazer umas caipirinhas, levamos picadas de insetos procurando um orquidário feio e seco, dançamos na festa e nos caçamos com olhares na multidão quando alguém meio chato alugava nossos ouvidos. Não vejo a hora de encontrá-la de novo. E de vir uma nova viagem da firma no ano que vem.

Em tempo: as meninas ficaram muitíssimo bem sem nós, mesmo a pequena, largada pela primeira vez. Parece que nem sentiram falta e acharam até que um bom negócio ficar sem pais por uns dias em troca de presentinhos safados. Em quase sequei por dentro de saudades e tive a impressão onipresente de ter esquecido algo em casa - não chaves ou óculos; talvez filhas. Mas sobrevivemos.

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Quando eu era pequena havia um poderoso highlight pra aplacar a dor do fim de férias: comprar e arrumar o material escolar. Era um tal de adquirir borrachas cheirosas, cadernos e livros estalando de novos e uns extras como caixas de lápis de cor de 24 joias raras. Era uma diversão ímpar passar o plástico sobre todos eles, encapando cada qual pra não estragar e empilhar tudo na mesa pro dia de voltar às aulas. E agora eu sei porque eu amava tanto tudo isso: não era eu a responsável por essa porra.

O material da Sabrina tomou uns 12 dias de apuros. Livros faltando nessa editora e naquela livraria, cadernos muito específicos duros de encontrar mesmo na internet, uma montanha de dinheiro tostada e uma dor lancinante quando a tesoura sem ponta acertou meu polegar.

Pra não falar sobre a hora de encapar a coisa toda com aquele plástico virado no demônio que escorregava e girava e se retorcia. E olha que eu tenho uma certa habilidade manual. Imagino as pobres mães que não a tem. Se bem que Sabrina já contou que a maioria das crianças levou tudo sem encapar. Eu vivo no passado, aparentemente.

* * * * *


Nessas férias a Olívia andou. Andou e caiu, andou e tombou, andou e ameaçou correr. E correu um pouco. Nasceram mais dois dentes, agora incisivos e superiores, desses bons pra rasgar carninha. Está crescendo como bambu no mato, essa dengosa. E as férias passam rápido demais pra aproveitar isso e todo o resto, não?

Essa não era a nossa praia. Ano que vem, quem sabe?

11 comentários:

Anônimo disse...

Cade a foto das lindas Dona Wonka? Eu nunca tive essa chance de deixar a creoncada com a familia e debandar, deve ser muito bom. E feliz que vcs tiveram dias de pura diversao. Beijocas Miquentas

Mica

Paula Baltazar disse...

Que beleza de férias!

Olívia com mais dentinhos e Sasá encapando cadernos! <3
Eu tinha a mesma paixão que você para comprar material escolar quando criança! Como não conheço o dark side, a paixão continua... :-p

Bjus!

Anônimo disse...

Até que enfim!

Eu que não tive férias passava aqui todo dia, pra ver se a dona da casa aparecia rsrsrs

Mas este fim de semana, vamos pra uma pousada na Serra do Cipó!

Bom retorno querida!

Dri

Paulinha disse...

Ah que saudade dos post desse blog

Querida, férias é tudo de bom e mais um pouco. As minhas só dps dos festejos momescos que eu ADOROOOOO!

Ah volta às aulas...Eu adorava sabe? Fico me remoendo qdo entro em uma papelaria e vejo cada coisita linda de viver pra levar pra escola. Mas é realmente uó encapar cadernos rsrsrs

Bom retorno pra vc.
Bjks

Marcelo disse...

Sou papelaria-freak até hoje. Se forem aquelas papelarias da Liberdade, então...

Quanto a esse negócio de encapar caderno, contact é o que há, Flávia. Dá pra escolher estampas bacanas e é bem mais prático, vale uns reais a mais.

Sócia da Light disse...

Marcelo, cê não sabe nada, amor... Contact já era! Não se usa mais porque, acabado o ano, a gente pode doar/vender/repassar o livro, sabe? O custo da vida fez o contact cair em desuso no mundoe escolar! Agora só o plástico fino do mal mesmo. ;-)

Paulinha, assim: eu acho que a gente não deve ficar passando vontade com coisa pouca. Então, mesmo quem não tem criança deveria entrar numa papelaria com tempo e dinheiro e escolher umas boas barbaridades todo início de ano! Grampeador com grampo colorido, post-it de vários modelos, uma caixa de lápis de cor, por que não? Olha, eu vi uma lancheira da Branca de Neve que, se trabalhasse fora, SUPER ia comprar pra armazenar meu lanche da tarde! rs.

Dri, Serra do Cipó, que demais!!! Mato é tudo na vida, acho que até mais que praia. Enjoy, love.

Paulinha, a velhice só faz matar os mitos bons da infância. Não venha para o Lado Sombrio, fica aí mesmo na ilusão. :-D

Miquinha, ando com receio de colocar muitas fotos das meninas por aí... Vou pensar pra um próximo post, prometo. ;-]

E boas entradas de ano, gentes! Desculpem o sumiço, prometo retornar com mais eficiência!

Anônimo disse...

E depois de tanta chuva, deve estar tudo tãããooo verdinho... eu curto uma praia, mas sou é do mato mesmo!

E também sou do outro mundo, visto que comprei os cadernos e o plástico dos infernos, passei horas embolada com aquilo e... achei tão maternal fazer isso!

Silvia disse...

Já marquei minhas próximas férias, esperando que haja outra viagem da firma na mesma data, pra poder ficar pelo menos um pouquinho com as pecinhas raras.
E quanto a encapar cadernos e livros, uma das minhas especialidades, era só ter pedido!!!

Sócia da Light disse...

Bicho, eu devia ter pedido pra você e mais umas duas pessoas - pra segurar de um lado, de outro, cortar durex, tirar meu cabelo da cara... Parecia que estava operando um cérebro.

Anônimo disse...

Oi, Flavia!
Ah, material escolar novinho... meu vicio era cheirar caixa de giz de cera! Ta, na verdade todo o material era muito cheiroso.
Era eu quem encapava os meus cadernos e os dos meus irmaos. Eu gostava.
Ah, tambem tenho uma filha chamada Olivia...Ela tem um mes e meio e tambem cresce igual bambu no mato. (Adorei essa expressao, passarei a usar sempre. rs).

Caroline

Sócia da Light disse...

Oi, Caroline!! Será que é coisa de Olívias, crescer mais que bambu no mato? Se sim, espero que a sua cresça linda e figura como a minha. ;-)
Eu era ajudante na hora de encapar o material. Tinha funções secundárias, por isso achava legal. Enquanto minha mãe se descabelava, eu ficava lindamente cortando o durex.
Um beijo!!