segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Então fica tudo como antes, ué

Tudo bem, eu sou viciada confessa em reality shows, mas me resta uma centelha de poder crítico sobre eles: a maior parte do povo que participa desses programas é bem cretina. E olha que nem estou falando do Big Brother.

Falo dos programas específicos que se dispõem a mudar alguma coisa na vida dos participantes voluntários. E são inúmeros. Eles querem dar um tapa na figura, na casa da figura, no cabelo da figura, nos filhos da figura... Bom, esses não levam um tapa do reality, só dos pais alucinados mesmo.

São dezenas de shows assim, que querem mostrar às pessoas como viver melhor em todos os termos - de ter uma alimentação mais saudável até um guarda-roupa mais ajeitado, passando por animais de estimação menos histéricos e garagens menos lotadas de tranqueira. Acho válido. Acho muito válido. Aparecem dicas até que bem boas por ali! Mas o pessoal que participa sempre acha de arrumar encrenca.

É incompreensível, eu juro. A mulher vai lá e se candidata a cobaia do "Esquadrão da Moda", um programa sabidamente comandado por sádicos fashionistas que não toleram camiseta com frase engraçadinha e sapato puído. Pois a doida vai, se habilita a participar e, quando o caldo começa a engrossar, quer pular fora. Quer vestir a mesma blusa apertada e reclama à beça do novo sapato de saltinho. E se recusa a cortar a juba e fazer uma maquiagem light. Então por que não ficou em casa, sendo um bicho-do-mato desbeiçado, em vez de ir lá meter as caras na televisão?

O mesmo acontece com os voluntários de realities sobre arrumação de casa. Pedem a ajuda do especialista em organização porque estão soterrados em baderna - e quando o sujeito começa a sujar as mãos e dar fim àquela balbúrdia de objetos que entulham a sala, o quarto, o sótão e o porão, quase caem no choro, se apegando como nunca à coleção de tampinhas de garrafa. Eu não teria paciência: diria logo "ok então, palhaço, fica aí morando no lixão, deixando seus filhos almoçarem em cima de caixas velhas".

Daí segue para a pessoa que recebe o chef de cozinha em seu restaurante falido e se recusa a ouvir as críticas, dizendo que "camarão com chocolate é um prato refinado e gostoso, sim!". E tem quem aceite participar do programa de emagrecimento, mas depois trapaceie nos exercícios físicos e reclame de trocar o frango frito na banha por uma salada de beterraba. Mesmo estando acima dos 140 kg. Ué, fica obeso, doente, cansado e anônimo então, cacete!

Aceitar fazer parte de um desses programas vai ter contra-indicações, é claro que vai. Eles querem mesmo é tirar o couro de quem se candidata - afinal, que graça teria deixar tudo como antes, servindo coxinha aos gorduchos e permitindo que a hipponga seguisse usando camiseta tai-dai pra trabalhar? Não, não: o pulo do gato dos reality shows desse tipo é tirar o sujeito daquela rotina destrutiva, sacando-o da zona de conforto e apresentando um admirável mundo novo. Muitas vezes, não um mundo muito mais incrível, mas apenas o mundo da maioria das pessoas.

Se isso tira a individualidade? Muito provável que sim. Se é um massacre psicológico? Bem provável. Mas então é bom pensar bem antes de embarcar, porque uma vez lá dentro não deverá ser como num Big Brother, onde o cara entra marombeiro bobão e sai marombeiro bobão. E isso parece uma boa coisa.


Não quer sua roupa cafona no lixo, não se candidate!

9 comentários:

Gabriela P. disse...

Sabe que eu já pensei sobre esses programas de moda?
E se a pessoa pega aquela blusa preferida e leva pra casa da mãe/tia/vó/amiga?
A blusa estará a salvo e eles nem saberão da existência dela...

Daniele disse...

Acho um porre esses reality shows, mas adoro "Esquadrão da Moda" e só não vejo mais "Extreme Makeover" pq ñ tenho o canal q passa. Não pensava em programas assim como realities.

Ah, queria tanto passar pelo Esquadrão, mas sem ter que aparecer na tevê. (Vou te contar, esse pessoal q quer participar de reality show, hein, cheio de exigência!) :D

Amanda Mirasierras disse...

Se me dessem um cartão de crédito com 5 mil dólares, mermão, eu saía do programa até vestida de Lady Gaga.

Sócia da Light disse...

... e com o cabelo da Nina Hagen, Amanda!

:-]

Inez disse...

Eu vejo um pouco diferente... acho que se não existisse o apelo psicológico do "estou sofrendo com isso" não haveriam tantas pessoas assistindo e torcendo para que tudo desse certo no final. Um conto de fadas moderno.
Um beijo.

Ana Luísa disse...

Já tem aquela frase que diz: Não sabe brincar, não desce pro play. Eu também não entendo essas pessoas que se candidatam e depois não aguentam a barra. Já me irritei muito com esses de limpar a bagunça e reformar o cômodo. A pessoa insistia em manter a esteira de ginástica no quarto. E detalhe. A esteira não era usada há 5 anos.
Oi?

Sócia da Light disse...

Pois é, Ana Lu. Eu me irrito igualmente (eu devo me odiar muito pra ficar assistindo TV e me irritando, viu... Rss!).

Mas é que, pra piorar, como eu comentava com minha cunhada Dri ontem, esse tipo de apego doente, além de irritante, é contagioso. Não demora nada e lá estão os filhos dessas pessoas vivendo na baderna, achando normal e fazendo o mesmo, querendo ficar com 1.276 bichinhos de pelúcia empoeirados sob a cama ou uma casa de brinquedo velha, quebrada e coberta de mofo (já vi ambos os casos!). É demais pra mim.

;-]

Nanael Soubaim disse...

Eu sou tiozão assumido. Se meu nome aparecer na lista desses dois, alguém me dará satisfações... Até porque meu alfaiate não aceita cartão.

Anônimo disse...

O que pouca gente admite ou sabe é que estes programas são gravados, montados e editados sem grandes surperesas. As pessoa ssnao escolhidas, e tudo isso é um grande circo fake. São diferentes níveis de combinações e acordos, tudo para favorecer o expectador que (não sei como) acredita no que ve como sendo algo genuíno e real.

Conhecendo gente que trabalhou nos bastidores destes eventos a gente acaba ficando bem vacinadocontra este besteirol.