segunda-feira, 7 de junho de 2010

O bistrô da chef nervosa

Ainda jovenzinha, um dos sonhos que eu tinha era montar meu próprio restaurante. Queria ser dona de um "Chez-Qualquer-Coisa" bem aconchegante e puxado no molho francês - apesar de, naqueles tempos, nem saber diferenciar bem a manteiga da margarina. Infelizmente (ou felizmente?), nem cheguei a vivenciar esse boom dos cursos superiores de gastronomia que ocorre nos dias de hoje. Senão o mundo poderia ter ganho mesmo uma chef - talvez a chef mais pentelha desse mundo inteiro, porque meu restaurante teria regras, viu. Muitas regras.

Nos dias atuais, não sou dona do meu estabelecimento gastronômico. Mas isso não me impede de fincar pé sobre certas coisas a respeito da hora de servir as refeições. Por exemplo: aqui em casa todo mundo tem seus pratos preferidos, mas o cardápio do dia é único.

O que tiver para almoço ou jantar, é isso o que a rapaziada toda vai comer, sem mil opções a gosto do freguês. Aqui não tem esse negócio de um comer macarrão, outro comer salada, outro preferir sopa e assim, indefinidamente, adiante - com a mesa ficando repleta de travessinhas. Se o letreiro da mamãe disser que hoje tem arroz, feijão, legumes e bife, é isso o que constará no prato de todos. No máximo, me disponho a fritar um ovo de acompanhamento, vá...

Senão vira praça de alimentação, poxa vida. E fica daquele jeito, como já vi acontecer em certos restaurantes: a família toda no estabelecimento cuja especialidade é carne e a molecada lá, com as embalagens do Méquidonalds na fuça. No meu restaurante, essas famílias seriam convidadas a dar o fora bem loguinho. Vá ofender o cardápio de outro!

Também não faço muitas substituições, não. Não funciona comigo esse negócio de "ai, eu não como cebola... pode preparar o meu frango sem ela e também sem ervas, sem bacon, sem temperos e sem graça?". Posso moer muito bem a cebola até que ela vire pasta, mas vamos maneirando com as frescuras, sim?

Outra coisa que no meu restaurante não rolaria é o bom e velho nariz torcido - a mania de não experimentar coisas novas. Cliente (ou filha, ou marido) que nutre preconceitos sobre novos ingredientes e modos de preparo, comigo no comando, está bem perdido. E o que tem de mais em provar arroz integral no lugar do branco? Ou uma cevadinha? É gostoso, eu juro.

O meu restaurante talvez nem fosse em frente - ou talvez eu ficasse logo com a fama do "soup nazi", aquele de "Seinfeld", que se recusava a atender quem não obedecesse certas regras. Mas garanto que os habitués bem comportados, de mente aberta e paladar propício a uma farta gororoba, esses estariam sempre em casa. O pessoal daqui de casa está de prova.

15 comentários:

Esp. Clarissa Paz de Menezes disse...

ah...e no teu restaurante...poderia ter aqueles piazinhos correndo?? ninguem merece ir em restaurante com criança correndo!!!!!

amei tuas regras...eu seria habitué certa no teu chez-qqer-cousa

bjokas

Clá

Nanael Soubaim disse...

Ja! Disciplina, disciplina e disciplina. Rédeas curtas ou a casa vira um pardieiro.

Monique disse...

Eu não comeria no seu restaurante. o/ Não curto experimentar coisas novas. =P

Anônimo disse...

Hahaha, adorei o comentário da Monique. Quando criança eu era bem chatinha pra comer. Na verdade até hoje sou. Daquelas que retalha o bife por não gostar de mastigar nervinhos e gorduras, mas mesmo assim sou a pessoa com o paladar mais abrangente em casa. Lá o povo torce nariz pra qualquer coisa que tenha no nome integral, fungos além de cogumelo paris então, peixe também não é bem visto, legumes e verduras, só eu como. Pensando bem meu maior problema é com carne mesmo, não consigo comer - porque não me desce - qualquer tipo de carne que me lembra que o que estou colocando na boca era um bicho. Sendo assim, coração, coxa e asa de galinha estão fora da minha dieta. Língua, miúdos, testículos de qualquer coisa também. De resto, vale tudo!

Fabiana disse...

Acho que quero te contratar pra ser chef aqui em casa, o povo aqui é meio avesso a novos sabores. Eu faço arroz integral só pra mim. :-(

Sócia da Light disse...

Clá, no meu restaurante eu até permito crianças correndo, mas acho que preferiria dar uma bola de massa de pizza pra cada qual ir sovar em sua mesa. Eles também querem ser entretidos, né? :-]

N., eu só brinquei que sou nazi, viu? Rss! Tanta disciplina também faz a comida perder o gosto, credo. Nossas "taco nights" aqui em casa, por exemplo, são uma zorra, porque é sempre bom transgredir também.

Hahaha! Dona Monique, tsc tsc tsc... Mas ó, minha opinião é que o tempo nos faz gostar mais de experimentar. Ainda vou te ver peregrinando pelo Marrocos e comendo carne de camelo, certeza!

Paulinha, eu sou de respeitar muito os gostos, principalmente o daqueles com tendências vegetarianas, sabe? Aqui, estamos comendo cada vez menos carne também e cada vez mais peixe - e mais feijão branco, grão de bico, arroz estranho, brotos... uma febre! A única coisa é isso, eu sou da opinião que precisa ver o cardápio antes e se lançar nele sem dó - esteja inclusa uma parrilada ou um pote de pepino agridoce! :-D

Fabi, minha mãe luta como você pra implantar novos sabores praquela turma, viu... Mas persevere, amiga, que eles um dia te acompanham!

Shayenne disse...

"Ai, eu não como cebola... pode preparar o meu frango sem ela e também sem ervas, sem bacon, sem temperos e sem graça?" =D [Me identifiquei bastante!]

Não como legumes (além de batata, que sempre dizem que não conta!), frutas e verduras. Nada aqui contra as tais ervas, bacon, temperos (alho, cebola beeem picada, salsa, orégano...), carne vermelha e branca, arroz integral...Mas coloca uma salada qualquer no meu prato e você acabou com meu almoço! [É, mamis sofreu por aqui!]

Acho que não daria pra comer no teu restaurante, a não ser que eu ganhasse uma bola se massa de pizza também! =)

Marcelo "Muta" Ramos disse...

acho que especialmente com filhos por perto, uma certa disciplina deve ser aplicada mesmo flá.

quanto a comer tudo, o exemplo tem que vir dos pais, senão as limitações são passadas para os filhos...

e se a comida for boa, até compensa seguir algumas regras, mesmo que doidas, hehe =P

Sócia da Light disse...

Falou TUDO, Mutante. Exemplo é tudo nessa vida, viu. Eu até faço uns esforços pra comer coisas que nem gosto muito, só pra Sabrina se sentir tentada. É como o pavor de sapo, que eu tenho mas não comento nem demonstro, porque deusolivre a menina pegue a mesma fobia. :-]

Shay, honey... Titia te dá a bola de massa, tá? Mas só se experimentar uma saladinha niçoise também, ok? :-D

Shayenne disse...

Hahahah...! Talvez, Flá: no mesmo dia em que você quiser um sapo como bichinho de estimação. =D

Gabriela P. disse...

Ah, eu adoro coisas novas. Mas sou frescurentinha pra comida que é uma coisa!

Beijo

Dri_ disse...

Pois eu como qualquer coisa bem temperadinha, óbvio, claro, não contando as ignorâncias dos Sem Limite da vida...

. disse...

concordo plenamente com suas regras !
frescurite não tem vez num lugar de experiências culinárias ;) (com exceção de pratos muuito estranhos, tipo rã o.O)

moniquinha disse...

Err....

eu não sou fã de experimentar coisas estranhas,mas boazinha, e em casa,tb não tem essa de variedades mil,tem que comer o que tem e pronto,s enão quiser,ou fique com fome ou faça um miojo,(nem isso eu faço,sério)

Anônimo disse...

"Ai, eu não como cebola... pode preparar o meu frango sem ela e também sem ervas, sem bacon, sem temperos e sem graça?" =D [Me identifiquei bastante!][2]
Mas se tudo tiver bem moído, eu como.

Hj mudei um pouco. Como mais (não todos) legumes, verduras, adoro salada. Só não posso ver nem sentir, principalmente cebola e pimentão. Detesto rúcula. Carne vermelha e branca eu não como desde pequena, exceto peixes e frutos do mar. XD

Minha mãe sofre até hj. Pra vcs terem uma ideia, quando eu era menor, minha mãe me pagava pra que eu comesse ou provasse algo. Uma colher de feijão valia 1 real, Eu só comia metade e olhe lá... Hj eu gosto de feijão, menos do feijão marrom. HAHAHA...