terça-feira, 6 de setembro de 2011

O ciclo da vida - e como sair dele

Eu acho que funciona mais ou menos assim:

- Desde que as mulheres, há coisa de 50 anos, pediram por favorzinho pra ter direitos iguais, elas ganharam mais trabalho, a mesma responsabilidade em casa, a mesma cota de cuidados com os filhos e menos atenção na hora de abrir uma mísera porta pra elas passarem primeiro.

- Daí que, vendo isso, os homens relaxaram e pararam de achar que eles precisavam ser aqueeeles provedores, caçadores de javali no mato, etc..

- Então as mulheres passaram a prover também, porque assim pediam os tempos, dando uma bela banana pro marido que pagava as contas.

- Os homens, sem a necessidade de parecer tão machos, ficaram um pouco mais mimimi - leia-se: eles querem um jantar gostosinho servido na hora não porque pagam as contas mas, poxa, porque você mulher me ama muito e tem que demonstrar isso!

- Só que as mulheres, mimimi por natureza desde o Big Bang, também querem ser cuidadas e protegidas (afinal, temos menor massa muscular e "aquele cavalo pode muito bem trocar a resistência do chuveiro sem eu precisar pedir, pode não?").

- Com o jogo de empurra, os casais ficam muito cansados e surtam muito.- Casais que surtam muito param um pouco de aproveitar a vida e ficar cada qual no seu papel homem/mulher e se tornam muito confusos - confundindo também a cacholinha das crianças.

- Sim, porque a mãe de antigamente não existe, só tem agora a mãe que trabalha 12 horas fora de casa e mais 4 dentro dela - se tornando um monstro esquizofrênico que, pra compensar o mau humor, faz de tudo e mais um pouco pelos pequenos; o pai-que-era-a-lei também não existe, porque esses, tendo se tornado um homem-soft, ficam culpados por trabalhar outras 12 horas (e também mimam a molecada). Temos, então, os menores-déspotas.

- Forma-se essa meninada chata e marrenta que não vê mais a beleza de subir numa árvore, porque a árvore fica na rua e a rua é assolada pelos bandidos, pela poluição, pelos vírus, pelos animais infectos e pelos agentes que cuidam da Zona Azul.

- As crianças, chatas e marrentas de acordo com o acordo social, são enviadas pras escolas que as deixam ao deus-dará ou à casa dos avós.

- Os avós, que também já tiveram sua cota de trabalho de 12 horas diárias por anos sem fim, ficam com o saco cheio e deixam a moçadinha fazer o que quiser. E sai de cena a vovó que cultiva gerânios e cura tudo com manteiga ou o vovô que dá moedas pra comprar pirulito no bar; entra em cena, assim, a babá que tolera o que todos os demais adultos não toleram.

- E pra pagar a babá que tolera tudo, pai e mãe trabalham mais ainda e surtam mais ainda, deixando as crianças ainda mais loucas e com baixa imunidade e mais propensas a pegar os virus das ruas.

- Daí todo mundo fica puto da vida e os dias parecem simplesmente não passar.

- E daí começamos a ter alucinações de que essa sociedade já faliu e legal mesmo é todos começarmos a nos reorganizar em núcleos como em "A Vila" de M. Night Shyamalan (vide ala dos DVDs encalhados das locadoras).

Eu não vivo assim, mas de tanto olhar ciclos como esse ou semelhantes acontecendo, já estou procurando terreno pra montar a minha Vila. Quem quiser, só se increver. Ah: e lá os homens ainda deverão prover a carne e abrir as portas pra nós mulheres, beleza?


E nem adianta ficarem me olhando com essa cara, homens da Vila

14 comentários:

Simone disse...

por favor, reserve um lugar pra mim! tks

Chicória disse...

Ai, que medo de a minha vida virar um negócio desses...

moniquinha disse...

Opa!!

tou dentro,com direito a bolos variados e muita prosa nos fins de tarde.

Dri_ disse...

Caramba! O pior é que ultimamente eu to no grupo das surtadas (mas putamerda, tem 2 meses que a lampada ta queimada e só eu vejo???)

Cristiane disse...

Texto assustadoramente verdadeiro! Posso fazer reserva para três na Vila?

Nanael Soubaim disse...

Bah! Então não sou só eu que concluiu que nem tudo "de antigamente" era ruim.
Vamos conversar a respeito, Wonka. Eu forneço as mudas de goiabeira e marmeleira.

RobertaUe disse...

Fico pensando: hoje é muito mais difícil pra nós, mulheres, tomarmos a decisão de ter filhos. Com quem deixar? Em quem confiar? Mãe da gente, é mãe da gente... Mas ela já fez a parte dela! E a babá? E a culpa de deixar a criança com febre em casa e sair para não faltar no trampo? E os estudos? Só se o dia tivesse 48h! E olhe lá!
Penso nisso só de olhar minha colegas já mães! E nem casei ainda! Afffff!

Marcelo disse...

Esse texto está tão tão, que peço licencinha pra reblogar. Concede-ma?

Sócia da Light disse...

Tá liberado, Marcelo. Mostre-nos link? :-]

Roberta, também não é pra assustar, viu? A gente pode até ficar preso na roda vida, mas tem saída. É só parar às vezes, respirar fundo e reavaliar.

N., quero as mudas. Oliveiras também, tá? Minhas favoritas.

Cris, preciso dizer que a reserva de vocês já estava feita e era compulsória?

Dri, amém, irmã. hahaha!

Casas pra Simone, Chics e família e Smurfs & The Gang já feitas. Tô gostando MUITO do layout humano dessa minha vila, ai... queria que fosse a sério.

Polyana disse...

Nossa, eu gostei muito desse post! Às vezes, eu surto sim, e começo a pensar: Ah, se eu pego essa mulherada que andou queimando sutiãs, eu acabo com a raça delas! rs rs

Marcelo disse...

Claro!
Ei-lo aqui:
http://manlius.tumblr.com

Lisi disse...

Amei. Agora é convencer o Noivo a viver assim.

Clá disse...

eu quero.,..eu quero...posso ser a professora das crianças da vila...vou amar ser a profe de crianças bem educadas ;)

Grace Simpson disse...

Reserva um lugarzinho pra mim, e quero um clube do livro com direito a muita troca de receitas de bolo, crochês e afins!