segunda-feira, 19 de abril de 2010

Eu me armo

Eles querem acabar comigo, mas não conseguirão. Nem pensar. Se eu cair, caio atirando - palavras, é claro. Não que, de vez em quando, aquela gente do SAC não suscite uma grande vontade de acionar um bom lança-chamas. Mas eu digo não à violência. Combato esse mal, isso sim, com paciência, anotações, organização de guerra e só aqui, no gogó.

Já passou por aquela sensação de frio no estômago que precede o fato? Aquele mal-estar que nos abate quando pensamos "porra, eu preciso ligar pra companhia telefônica e resolver esse erro na conta..."? Eu já passei. Eu passo muito, na verdade. É que, quando vejo um engano, uma tentativa de cambalacho, uma estorçãozinha que seja, eu necessito resolver. E toca ligar pros meus conhecidos do Serviço de Atendimento ao Consumidor.

Gostar, eu não gosto. Eu odeio. Eu odeio muito mais do que você, provavelmente. Mas persevero pensando "se eu não ligar e reclamar, e todo mundo fizer assim, é ponto pra eles". E isso me tira o sono. Isso e comer pizza depois das 22h, é insônia na certa.

Aí eu resolvo ligar. Quer dizer: eu às vezes tento escrever primeiro, mas nunca supre 100% de minh'alma. É que eles vêm com aquela desgraça de "resposta padrão", e dá a nítida impressão que foi disparado um e-mail automático e a reclamação original foi sumariamente arquivada (na Lixeira). Receber o velho "Caro cliente, entendemos sua posição e estaremos estando trabalhando para estar melhorando nossos serviços", pra mim, é o mesmo que receber simplesmente "Caro cliente: foda-se você". Daí eu ligo.

Mas antes de ligar, eu me armo. Eu me armo porque não pretendo sucumbir. Sei que vão me colocar na espera, ligar a musiquinha, fingir queda de linha, passar pra 12 departamentos diversos, enrolar, enrolar... Vão querer vencer pelo cansaço e pela minha fadiga moral e mental. Mas eu me armo.

Antes de ligar pra qualquer SAC, cancelo meus compromissos por pelo menos três horas. Escolho uma cadeira bem confortável, com almofadinha, e visto roupas largas (calça de moletom é uniforme de reclamador guerreiro). Vou preventivamente ao banheiro, ajeito em torno uns comes e bebes, posiciono ao lado o laptop com bateria plena (pro caso de precisar de uma pesquisa rápida) e até apanho um livro. Vai que dá pra concluir "Crime e Castigo" enquanto espero.

Organizada e estabelecida, operador de SAC nenhum me pega. Nem ligo de repetir CPF e RG por 72 vezes. Nem me abalo com o vigésimo "só mais um minutinho, senhóóóra", aguento firmona. Armada e possuída pelo espírito dos justiceiros, sigo até o fim do atendimento - e só saio dali com um desconto, um estorno ou o cadáver de um diretor de multinacional fincado na minha caneta. Porque se não for assim, né... Ponto pra eles. E isso me tiraria o sono.


Daqui, eu só saio morta! E agora me passe pro gerente

9 comentários:

Gabriela P. disse...

Nas últimas férias eu trabalhei com cobrança, por telefone. Depois disso eu consegui me conter, prometi não perder a paciência com as "telefonistas" e desejava bom dia/boa tarde/boa noite/boa semana pra todas, até que hoje precisei reclamar da linha do telefone. Pra quê?
Promessa foi para as cucuias e meu problema não foi resolvido. Decepção.

Beijo, Flá!

Anônimo disse...

Flá, me dê aulas, escreva um guia para se manter persistente e conseguir fazer de seus direitos, porque por aqui as coisas estão complicadas. Este ano já tive problemas com Tim, Dell e Saraiva. To até com medo de me enfiar em situações que dependam de mais serviços deste tipo ou tercerizados, porque foi td junto na mesma época e me senti seca de tanto ter de reclamar. :/

Boa sorte com suas batalhas, beijinhos

Nanael Soubaim disse...

Que saudades de quando as companhias tinham uma sede local, aonde podíamos ir tirar satisfações à moda antiga, com o gerente bem ao alcance das mãos, e de onde saíamos com o problema devidamente resolvido de uma vez por todas. Esse negócio de terceirizar tudo e tudo colocar por contacto telephônico, é cousa do capeta. Agüenta firme, mamma, esses crápulas hediondos ainda terão o que merecem. Paoolinha, minha filha, Tim é igual ao Maia, não dá para confiar que ele vai fazer o show. Gabi some-some da Estrela, não se culpe, lembre-se de que foste treinada para esmigalhar os nervos do cliente, teus ex-colegas também.

Anônimo disse...

Momento nostalgia hoje e eu aonde ? No " garotas"!
Coloquei seu nome no google para procurar algum blog seu e ?Acheiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!

Anônimo disse...

Eu sempre me armo tbm, faço as unhas, vejo TV... Hahaha...
E quando a coisa não parece ter jeito (o que ocorre na maioria das vezes), eu apelo logo:
- Quer saber, pode cancelar o serviço! Cansei desse ping pong! Cancele, cancele...

E aí, do nada surge o desconto, o reembolso... Uma maravilha!

moniquinha disse...

Olha,
eu procuro me armar,mas de paciência e qdo ela acaba eu saco logo um"vc é décima pessoa que me passaram,se não resolver AGORA, é procon..na maioria das vezes,resolve..rs

Unknown disse...

Ai, ai Flá... quando não me identifico, identifico alguém q conheço, nesse caso meu marido.
Vc o descreveu perfeitamente, só faltou acrescentar o fone de ouvido ligado ao telefone pra dar mais conforto.
Adorocê...

Sócia da Light disse...

Hahaha! Adorei a ideia do marido, Josy! Vou checar hoje mesmo se meu telefone aceita fones! ;-D

Unknown disse...

Esqueci de dizer...
O sem fio é com clip, pra pendurar na cintura... Dá mais mobilidade se cansar o traseiro.